Era inevitável. Há muitas coisas com as quais discordo no Jardim de Infância (JI) que ele frequentava desde Setembro, mas a falta de um espaço exterior, as saídas reduzidas, o facto de estarem no mesmo espaço muitas horas (brincavam, comiam e dormiam na mesma sala) foram factores determinantes para a mudança.
O Jardim de Infância no qual o inscrevi há 2 anos, no qual ele entrou o ano passado mas do qual acabámos por desistir devido à mudança profissional do pai, não tem vagas neste momento nem garante tê-las em Setembro. Recomecei a procura: vasculhei páginas de facebook novamente; espiei recreios; ponderei esperar por Setembro; equacionei ele entrar num Jardim de Infância público, também em Setembro; fiz telefonemas; coloquei muitas questões; fiz contas, muitas contas; acordei muitas vezes durante a noite com a certeza de que a mudança teria de acontecer já. Em Março tomámos a decisão: amanhã ele começa uma nova etapa. E nós também.
Há 2 anos, o meu filho tinha 1 ano e meio e eu trabalhava há 4 ou 5 meses - estive desempregada até aos 13 meses de vida dele. Precisava de encontrar um local para ele ficar enquanto eu trabalhava. A minha mãe ficava com ele, mas ia deixar de ficar, por isso impunha-se a necessidade de encontrar uma alternativa. Visitei vários espaços:
1º - o que desistimos o ano passado.
2º - um com boas referências ao nível do pessoal, mas com uma mensalidade elevada e um espaço muito reduzido.
3º - tentei visitar o espaço que ele começou a frequentar em Setembro e foram peremptórios ao afirmar que só o visitaria se ele tivesse vaga. A pessoa que me abriu a porta foi antipática, brusca - péssimo cartão de visita. Talvez por este primeiro contacto, a decisão de ele frequentar aquele espaço nunca foi confortável para mim, mesmo conhecendo duas pessoas que trabalham lá.
4º - um colégio no meio do campo, com excelentes condições físicas, com espaços amplos e iluminados, um bom espaço exterior, que valoriza as diferentes expressões (motora, dramática, musical, plástica), uma horta, alimentação confeccionada nas instalações de acordo com as normas HCCP, pessoas atenciosas, simpáticas e disponíveis, com boas referências e com uma mensalidade elevada para nós (se comparar com a mensalidade de alguns colégios de Lisboa, por exemplo, não é elevada, mas para nós é).
Há 2 anos decidimos que ele ficaria com a Ama, uma pessoa da nossa confiança, até aos 3 anos de idade. O ano passado durante a minha digressão pelos Jardins de Infância este último colégio ficou de fora, nem o coloquei no leque de hipóteses, sabia que o colocaria na primeira opção, financeiramente não era possível. O pai só o conhecia através dos meus relatos. Este ano resgatei-o: fui visitá-lo novamente e desafiei o pai a fazer o mesmo. Ficou decidido que se era para mudá-lo aquele colégio era o escolhido. O miúdo foi connosco, no início ficou envergonhado, não nos quis deixar. Sem grande insistência para o deixarmos na sala, visitámos o espaço exterior e deixámos que explorasse os equipamentos. Regressámos à sala, ficámos com ele durante algum tempo e saímos. Enquanto eu e o pai ficámos no corredor a conversar com a coordenadora, observei-o pelo vidro, vi-o rir com a educadora, vi como ela se colocou ao nível dele para brincar, observei a interação. Ele gostou de ali estar, se bem que reconheço que foi apenas a primeira visita, um período de tempo curto em que nos sentiu presentes. Desde esta visita até agora passou um mês e tal, ele de vez em quando relembra-a. Espero que seja uma decisão acertada. Muito acertada.
Vou deixar aqui um vídeo com algumas ideias que defendo. Há uma parte que refere que não adianta colocar os filhos no melhor JI quando isso implica que sejamos os últimos pais a ir buscá-los, porque tivemos de trabalhar mais horas para pagar a creche. Concordo. Nenhum de nós vai trabalhar mais horas para pagar o JI, no entanto vamos abdicar de algumas coisas. Confesso que me assustou o cenário de ter menos possibilidades de efetuar programas a três, mas desvalorizei, vamos continuar a fazer os nossos programas, possivelmente optando por opções mais económicas. Para nós o tempo que passamos juntos é muito importante, faz-nos falta, mas o tempo em que ele está no JI também. Precisamos de estar os três bem: nos momentos em que estamos juntos e nos momentos em que estamos separados.
Esta decisão foi tomada agora porque a situação profissional do pai tem vindo a melhorar e há perspectivas de mais melhorias e porque eu fui (muito) ligeiramente aumentada. Vou pagar 3 vezes mais do que pagava (a mensalidade era baixa). Era muito confortável para nós conseguir juntar algum dinheiro (íamos conseguir fazê-lo a partir de agora), ou fazer uma viagem em família, ou passarmos fins de semana fora periodicamente, ou arranjar alguém que nos limpasse a casa de vez em quando... mas eu não o sentia bem durante as 8 horas que estava no JI... Posto isto, vamos mesmo optar por um dos JI com a mensalidade mais elevada.
Em paralelo vamos inscrevê-lo no JI Público. Não acredito que entre no que mais gostamos, mas se entrar logo se vê, logo se decide se o impomos a nova mudança num espaço de tempo tão curto ou se o mantemos nesta nova escola até ao próximo ano.
E eu estou aqui com esta conversa toda, com dúvidas e opções de escolha em cima da mesa, mas há aqueles pais que pela "simples" decisão de terem filhos, têm mesmo de trabalhar mais. Não para mudar de carro, porque alguns nem carro têm. Não para comprar roupa de marca, porque nem sabem onde se vende. Mas pela simples razão de necessitarem do básico para sobreviverem. E também há os que começam a parentalidade a dois e terminam a solo - quando ficam sozinhos, (alguns) têm mesmo de trabalhar mais. Há os que começam com um bom emprego e ficam desempregados - por vezes, o parceiro tem mesmo de trabalhar mais. Há tantos factores externos... Mas em podendo optar, aplaudo que não se dê grande importância a roupas, a carros, a casas, a brinquedos, porque o (bom) tempo que passamos juntos é que fica no nosso guardador de memórias.
Última hora: só para baralhar isto mais um bocadinho, ligaram-nos do colégio que desistimos o ano passado. Temos vaga, só não sabemos se para iniciar em Maio ou em Setembro, temos hipótese de ir a uma reunião na quinta feira... Mas não vamos. Está escolhido: começa amanhã.
O Jardim de Infância no qual o inscrevi há 2 anos, no qual ele entrou o ano passado mas do qual acabámos por desistir devido à mudança profissional do pai, não tem vagas neste momento nem garante tê-las em Setembro. Recomecei a procura: vasculhei páginas de facebook novamente; espiei recreios; ponderei esperar por Setembro; equacionei ele entrar num Jardim de Infância público, também em Setembro; fiz telefonemas; coloquei muitas questões; fiz contas, muitas contas; acordei muitas vezes durante a noite com a certeza de que a mudança teria de acontecer já. Em Março tomámos a decisão: amanhã ele começa uma nova etapa. E nós também.
Há 2 anos, o meu filho tinha 1 ano e meio e eu trabalhava há 4 ou 5 meses - estive desempregada até aos 13 meses de vida dele. Precisava de encontrar um local para ele ficar enquanto eu trabalhava. A minha mãe ficava com ele, mas ia deixar de ficar, por isso impunha-se a necessidade de encontrar uma alternativa. Visitei vários espaços:
1º - o que desistimos o ano passado.
2º - um com boas referências ao nível do pessoal, mas com uma mensalidade elevada e um espaço muito reduzido.
3º - tentei visitar o espaço que ele começou a frequentar em Setembro e foram peremptórios ao afirmar que só o visitaria se ele tivesse vaga. A pessoa que me abriu a porta foi antipática, brusca - péssimo cartão de visita. Talvez por este primeiro contacto, a decisão de ele frequentar aquele espaço nunca foi confortável para mim, mesmo conhecendo duas pessoas que trabalham lá.
4º - um colégio no meio do campo, com excelentes condições físicas, com espaços amplos e iluminados, um bom espaço exterior, que valoriza as diferentes expressões (motora, dramática, musical, plástica), uma horta, alimentação confeccionada nas instalações de acordo com as normas HCCP, pessoas atenciosas, simpáticas e disponíveis, com boas referências e com uma mensalidade elevada para nós (se comparar com a mensalidade de alguns colégios de Lisboa, por exemplo, não é elevada, mas para nós é).
Há 2 anos decidimos que ele ficaria com a Ama, uma pessoa da nossa confiança, até aos 3 anos de idade. O ano passado durante a minha digressão pelos Jardins de Infância este último colégio ficou de fora, nem o coloquei no leque de hipóteses, sabia que o colocaria na primeira opção, financeiramente não era possível. O pai só o conhecia através dos meus relatos. Este ano resgatei-o: fui visitá-lo novamente e desafiei o pai a fazer o mesmo. Ficou decidido que se era para mudá-lo aquele colégio era o escolhido. O miúdo foi connosco, no início ficou envergonhado, não nos quis deixar. Sem grande insistência para o deixarmos na sala, visitámos o espaço exterior e deixámos que explorasse os equipamentos. Regressámos à sala, ficámos com ele durante algum tempo e saímos. Enquanto eu e o pai ficámos no corredor a conversar com a coordenadora, observei-o pelo vidro, vi-o rir com a educadora, vi como ela se colocou ao nível dele para brincar, observei a interação. Ele gostou de ali estar, se bem que reconheço que foi apenas a primeira visita, um período de tempo curto em que nos sentiu presentes. Desde esta visita até agora passou um mês e tal, ele de vez em quando relembra-a. Espero que seja uma decisão acertada. Muito acertada.
Vou deixar aqui um vídeo com algumas ideias que defendo. Há uma parte que refere que não adianta colocar os filhos no melhor JI quando isso implica que sejamos os últimos pais a ir buscá-los, porque tivemos de trabalhar mais horas para pagar a creche. Concordo. Nenhum de nós vai trabalhar mais horas para pagar o JI, no entanto vamos abdicar de algumas coisas. Confesso que me assustou o cenário de ter menos possibilidades de efetuar programas a três, mas desvalorizei, vamos continuar a fazer os nossos programas, possivelmente optando por opções mais económicas. Para nós o tempo que passamos juntos é muito importante, faz-nos falta, mas o tempo em que ele está no JI também. Precisamos de estar os três bem: nos momentos em que estamos juntos e nos momentos em que estamos separados.
Esta decisão foi tomada agora porque a situação profissional do pai tem vindo a melhorar e há perspectivas de mais melhorias e porque eu fui (muito) ligeiramente aumentada. Vou pagar 3 vezes mais do que pagava (a mensalidade era baixa). Era muito confortável para nós conseguir juntar algum dinheiro (íamos conseguir fazê-lo a partir de agora), ou fazer uma viagem em família, ou passarmos fins de semana fora periodicamente, ou arranjar alguém que nos limpasse a casa de vez em quando... mas eu não o sentia bem durante as 8 horas que estava no JI... Posto isto, vamos mesmo optar por um dos JI com a mensalidade mais elevada.
Em paralelo vamos inscrevê-lo no JI Público. Não acredito que entre no que mais gostamos, mas se entrar logo se vê, logo se decide se o impomos a nova mudança num espaço de tempo tão curto ou se o mantemos nesta nova escola até ao próximo ano.
E eu estou aqui com esta conversa toda, com dúvidas e opções de escolha em cima da mesa, mas há aqueles pais que pela "simples" decisão de terem filhos, têm mesmo de trabalhar mais. Não para mudar de carro, porque alguns nem carro têm. Não para comprar roupa de marca, porque nem sabem onde se vende. Mas pela simples razão de necessitarem do básico para sobreviverem. E também há os que começam a parentalidade a dois e terminam a solo - quando ficam sozinhos, (alguns) têm mesmo de trabalhar mais. Há os que começam com um bom emprego e ficam desempregados - por vezes, o parceiro tem mesmo de trabalhar mais. Há tantos factores externos... Mas em podendo optar, aplaudo que não se dê grande importância a roupas, a carros, a casas, a brinquedos, porque o (bom) tempo que passamos juntos é que fica no nosso guardador de memórias.
Última hora: só para baralhar isto mais um bocadinho, ligaram-nos do colégio que desistimos o ano passado. Temos vaga, só não sabemos se para iniciar em Maio ou em Setembro, temos hipótese de ir a uma reunião na quinta feira... Mas não vamos. Está escolhido: começa amanhã.