Alguns exemplos que originaram este tipo de conversa são, na minha opinião, coisas básicas (não pensem que o miúdo já discute as principais notícias do dia). Não são de hoje, mas foram os exemplos de que me lembrei:
1) Acharam interessante que o miúdo, a propósito de uma conversa que antecedeu uma visita à igreja, questionasse se as figuras eram de vidro.
2) Ficaram surpreendidos porque o miúdo, após a leitura de uma história (acho que foi este o contexto), referiu que o gelo derrete quando aparece o sol.
3) Alguém considerou pertinente que o miúdo o rectificasse quando lhe disse que o porquinho mais velho decidiu construir uma casa de pedra. Tijolos - retificou ele, e argumentou. Neste caso, acho que elogiaram mais o poder de argumentação/a explicação do que que propriamente o conteúdo.
Alguém me disse que o miúdo dá luta... Porque argumenta. Acho vantajoso ter capacidade de argumentação, mas estas não são conversas fora do comum.
Consigo encontrar justificação para as questões/as respostas/os argumentos que o miúdo utilizou nos exemplos acima referidos, bem como para muitas das situações que me relatam. Aqui estão elas:
Alguém me disse que o miúdo dá luta... Porque argumenta. Acho vantajoso ter capacidade de argumentação, mas estas não são conversas fora do comum.
Consigo encontrar justificação para as questões/as respostas/os argumentos que o miúdo utilizou nos exemplos acima referidos, bem como para muitas das situações que me relatam. Aqui estão elas:
1) No JI em Dezembro esteve um presépio com figuras de barro (acho que que eram de
barro, confesso que não sou tão boa a identificar materiais como o
miúdo, mas isso é um problema meu e não uma super característica dele),
disse-lhe várias vezes, "filho, não podemos mexer nestas figuras porque podemos parti-las sem querer, não são nossas". Em casa disse-lhe várias vezes, "agarra bem o copo porque é de vidro".
Quando a educadora lhes pediu para não tocarem nas figuras que iam
encontrar na igreja, quando lhes pediu para terem cuidado, quando lhes disse que as figuras se podiam partir, o miúdo pegou nos
conhecimentos que tinha acerca do verbo partir e aplicou-o - não, não o conjugou -, assumindo que se era para ter cuidado, se as figuras se podiam partir, é porque possivelmente eram de vidro.
Ele identifica alguns materiais, como o vidro, a madeira, o ferro, porque já falámos sobre isso em situações concretas. E sabe que o vidro quebra porque realizou uma experiência em que o comprovou: partiu um copo. Apanhou um valente susto, mas teve de o fazer para perceber o que é isso de partir um copo e o que é isso ser de vidro. Este meu miúdo tinha tudo para se chamar Tomé, é um defensor nato da expressão "ver para crer".
Ele identifica alguns materiais, como o vidro, a madeira, o ferro, porque já falámos sobre isso em situações concretas. E sabe que o vidro quebra porque realizou uma experiência em que o comprovou: partiu um copo. Apanhou um valente susto, mas teve de o fazer para perceber o que é isso de partir um copo e o que é isso ser de vidro. Este meu miúdo tinha tudo para se chamar Tomé, é um defensor nato da expressão "ver para crer".
2)
Temos um livro que comprámos no Pingo Doce que fala disto. Há excertos do texto que não gosto, confesso, mas é engraçado, é uma fábula e fala precisamente disto.
3) Ele já ouviu a história de "Os três porquinhos"
milhões de vezes, em todas elas a casa que o porquinho mais velho constrói é de tijolos. Dizerem agora que a casa é de pedra é pôr em causa a palavra da sua mãezinha que tantas vezes lhe contou a história... O miúdo insurge-se, claro. E argumenta. Para o número de vezes que já viu/ouviu esta história o que não lhe faltam são argumentos.
Mistério desvendado: o miúdo não aprendeu a ler sozinho, não sabe fazer compras on-line (isto é que me dava jeito, detesto), nem falou sobre a teoria da relatividade. Lamento desiludir-vos, mas encontro (quase) sempre o motivo que o leva a fazer determinado comentário/a ter determinada conversa. É claro que ele diz coisas que me surpreendem, na medida em que adquire, cada vez mais, conhecimentos fora da esfera familiar, mas julgo que o segredo é a variedade de situações a que as crianças estão expostas.
Mistério desvendado: o miúdo não aprendeu a ler sozinho, não sabe fazer compras on-line (isto é que me dava jeito, detesto), nem falou sobre a teoria da relatividade. Lamento desiludir-vos, mas encontro (quase) sempre o motivo que o leva a fazer determinado comentário/a ter determinada conversa. É claro que ele diz coisas que me surpreendem, na medida em que adquire, cada vez mais, conhecimentos fora da esfera familiar, mas julgo que o segredo é a variedade de situações a que as crianças estão expostas.
Fico feliz por me gabarem o miúdo. Todas as mães ficam, mas a verdade é que ele ficou exposto a situações em que foi confrontado com (quase) tudo o que provocou/provoca a conversa do título deste texto. Ele vai buscar conhecimentos prévios e relaciono-os com a situação atual. Confesso que o que vou fazendo com ele, as histórias que lhe vou lendo, as explicações que lhe vou dando acerca das coisas têm (quase) sempre em consideração questões que ele coloca, situações com que nos deparamos, o feedback que ele me dá e não propriamente a idade que ele tem. Nem sei dizer muito bem o que é adequado para a sua idade. Claro que não o ponho a ver um filme com legendas (ele não sabe ler), mas não sei definir muito bem e de forma generalizada o que é adequado a uma idade ou a outra. Talvez por acreditar (em parte) na Teoria de Bruner: qualquer ideia ou problema, se devidamente estruturada/o, pode ser apresentada/o de uma forma suficientemente simples para que qualquer aluno a possa/o possa compreender de uma forma reconhecível. Partindo deste princípio é claro que a instrução, a forma como é comunicada a informação, é um aspeto fundamental no processo de aprendizagem. A instrução não pode ser, de maneira alguma, reduzida ao débito de informação. Há educadores/professores muito bons na instrução, na forma como transmitem a informação: uns escolhem um livro, um filme, uma peça de teatro ou um passeio para apresentar o tema e suscitar a curiosidade das crianças; alguns apresentam o mesmo tema mais do que uma vez, de forma diferente, com exemplos reais para reforçar a conclusão e validar a aprendizagem; outros partem de conversas/questões/vivências dos alunos para lançar o debate, chamando-os a testemunhar e a participar... Outros não. Infelizmente ainda há os que apenas lêem slides - espero que estes sejam uma espécie em vias de extinção, ou então que se adaptem ao meio rapidamente.
Textos que falam de aprendizagem significativa:
- A brincar é a que a gente (pequena) se entende #7 - Ensaios sobre a realidade: aprendizagem com significado.
- A brincar é que a gente (pequena) se entende #13 - Dia de aulas ao ar livre
Textos que falam de aprendizagem significativa:
- A brincar é a que a gente (pequena) se entende #7 - Ensaios sobre a realidade: aprendizagem com significado.
- A brincar é que a gente (pequena) se entende #13 - Dia de aulas ao ar livre
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