Ando para aqui a ensinar-te que não se bate; que devemos partilhar o que temos; que devemos dar abraços e beijinhos em vez de palmadas; que as pessoas ficam felizes quando lhes dás beijinhos e abraços e quando lhes sorris e dizes "Olá"; que és importante e amado; que podes sentir medo, mas que é importante que aprendas a enfrentá-lo, temos de arriscar para alcançar; que devemos ser verdadeiros connosco e com os outros; que devemos respeitar os outros e a sua natureza; que é bom ajudar os outros... E o mundo continua a contrariar tudo o que te quero transmitir; o mundo de hoje é, precisamente, o contrário do que procuro ensinar-te. Tantos a levantar a voz contra ajudar os outros; tantos a desrespeitar os outros; tantos a ver só um lado da moeda - o seu; tantos a matar em vez de abraçar e sorrir; tantos com medo; tantos a odiar em vez de amar. Desejo que ouças falar do que se está a passar no mundo numa aula de História. Que faça parte do passado; que mesmo recente, seja, definitivamente, passado.
Não me interessa saber qual é a raça ou a nacionalidade de cada bebé que vive no meu país, são todos bebés, são crianças como a minha. Talvez fosse preferível a raça/nacionalidade de cada um não ser reconhecível: nem através da fisionomia, nem através do vestuário, nem através dos costumes, nem através de documentos identificativos. Mas porque não? Que graça teria olhar à nossa volta e ver apenas o reflexo de nós mesmos? O que é que teríamos para aprender? Que experiências teríamos para partilhar? Não podemos ter medo, certo? Temos de respeitar as diferenças, não é? Então, resta-nos assumir que somos todos diferentes. Há coisas em comum, sempre haverão, mas no geral somos mesmo todos diferentes. Faremos sempre parte de alguns grupos e seremos sempre excluídos de outros. Assim é a vida, assim é a natureza. O que pode acontecer é que, por vezes, deixamos de pertencer a determinados grupos por reconhecer que existem outros melhores.
Já que há tantas coisas neste mundo que são exatamente o contrário do que te quero transmitir, então, também há finais de histórias conhecidas que quero contrariar. No final da história contada por mim, o Lobo Mau passa a ser apenas Lobo, aprende a caminhar ao lado da Capuchinho Vermelho sem segundas intenções, sem ameaças, sem outro propósito que não o de caminhar e usufruir do caminho.
Créditos de imagem: ILUSTRANA
Filho, não tenhas medo de ser diferente. Não tenhas medo de quem é diferente. Não tenhas medo de ir e vir, desde que o ir e vir não prejudique ninguém. Não tenhas medo de caminhar entre a multidão e de abraçares quem quiseres. Não tenhas medo de dizer o que pensas, o que gostas e o que não gostas. Não tenhas, nunca, medo de viver. Sê livre, com deveres cumpridos de forma espontânea, com direitos gozados, com alegria, com confiança, com respeito por ti e pelos outros, com a consciência tranquila. Vive bem, meu amor. Como alguém desejou um dia, tem um destino bonito. Vive sem medo.
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