terça-feira, 27 de junho de 2017

Barómetro de crescimento #11 - Eu continuo a aproveitá-lo, mas acho que o tempo está mesmo a passar mais depressa / À conversa com o meu filho #16 - A semente e outras coisas

Quando o Índio Pirata fez dois anos, não senti pena. Aproveitei-o bem, vivi intensamente as suas primeiras descobertas, acompanhei-o em muitas conquistas, partilhámos aprendizagens. Hoje, talvez pela autonomia que já conquistou, por eu estar mais sobrecarregada ou porque a vida é simplesmente assim, dou por mim apreensiva ao vê-lo e ao escutá-lo. Hoje, quando o pai me ligou para eu lhe desejar um bom dia (ele estava a dormir quando saí de casa), mal reconheci a sua voz. De repente, pareceu-me que passaram meses desde a última vez que falámos ao telefone, em que do lado de lá ouvia uma voz de bebé a dramatizar porque acordou e não me viu. Hoje, a voz dele estava firme, colocou questões objetivas, sem dramas. Há situações em que me mantenho no diálogo com ele, mas ao mesmo tempo consigo "afastar-me" e observar, apenas observar, como se estivesse ausente, como se fosse apenas espetadora. É uma sensação estranha, deve ser isto que origina a célebre frase "o tempo voa: quando dás por ti, ele já está na escola, no 2º ciclo, no ensino secundário e por aí adiante...". Eu continuo a aproveitá-lo, mas acho que o tempo está mesmo a passar mais depressa.
Tenho a sensação de que comecei o treino para deixar de ser a atriz principal, passar a ser atriz secundária e por fim ficar com o papel de espetadora. Tive muitas dores de crescimento... Parece-me que, agora, vão começar as dores do crescimento dele. Não estava preparada para isto.

Não faças essa cara, lembras-te quando me dizes que queres ser grande? Vais ver que depois disto vais crescer num instante. A maneira como eu vou lidar com isso é que vai ser mais difícil (vamos fazer de conta que o miúdo crescido da imagem sou eu, a mãe crescida).

Imagem retirada daqui

Algumas das suas célebres frases e conflitos internos: 
- Quando eu for grande tu vais ser pequena.
- Quando eu for maior que a prima...
- Quando eu for grande também posso beber vinho... - vai com calma, menino. 
- Quando é que eu vou ser do teu tamanho. 
- Eu sou pequeninoooo - com ar dramático e quando lhe convém. 
...
No outro dia perguntou-me quando é que eu ia para a barriga dele (é justo, já que esteve na minha). E quando é que tinha estado na barriga do pai (isso ainda seria mais justo, dado o número elevado de vezes que vomitei, dava-me jeito ter dividido as coisas). Por fim, perguntou-me como é que tinha ido parar à minha barriga. A semente??? Sim, expliquei-lhe como é que acontece de forma sucinta, parecia à minha irmã a debitar informação - rápido - e baixinho, com esperança que ele não percebesse. Mas ele ouviu. E percebeu. E agora repete em voz alta e ri. Está crescido, este meu Índio. E também está na idade da parvoeira: xixi, cocó, pila, pipi - diz e ri, ri muito.

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