Tenho pressa em despachar-me quando me levanto de manhã porque fiquei na cama mais 10 minutos. Tenho pressa em fazer coisas antes de sair de casa porque adormeci na noite anterior e não as fiz. Tenho pressa em tomar banho, em vestir-me e afins porque quando olho para o relógio o raio do ponteiro nunca está no sítio esperado. Tenho pressa quando estou a caminho do trabalho porque os minutos avançam mais depressa em algumas horas do dia (isto não é científico, mas é uma desconfiança...). Tenho pressa em abrir a porta do trabalho antes da patroa chegar porque chego em cima da hora. Tenho pressa em ir beber café porque funciono mal sem ele. Tenho pressa em ligar o computador e irritam-me as actualizações que o excelentíssimo exige. Tenho pressa em ver os e-mails e em responder aos que são mais importantes/urgentes. Tenho pressa quando vejo o meu e-mail pessoal no trabalho porque não é suposto fazê-lo. Tenho pressa para ir almoçar porque alguém está à minha espera. Tenho pressa em regressar ao trabalho porque há horas para abrir a porta. Tenho pressa em resolver os assuntos pendentes porque quero sair às 17h. Tenho pressa em chegar ao Jardim de Infância antes das 17h30. Tenho pressa em subir as escadas do Jardim de Infância porque ele está à minha espera. Quando ele corre na minha direção, me abraça e eu o beijo deixo de ter pressa. Levo o dia com pressa para não ter pressa neste momento. Quando ele corre no jardim, quando ele me pede para ir ao coreto, quando ele reclama uma ida à estação para ver os comboios, quando ele brinca na areia ou trepa no parque eu não tenho pressa. É hora de contemplá-lo, de observar se está cansado ou se dormiu bem a sesta, de perceber se está bem disposto ou mal disposto, de falar com ele sobre o seu dia. Sem pressa. Falo com conhecidos e desconhecidos no parque e não tenho pressa. Deixo-me ficar no parque até ao limite e não tenho pressa. Batem as 19h e eu começo a ter alguma pressa novamente, se bem que uma pressa mais descontraída. Às vezes, em dias de mais calor e se o jantar estiver feito, ficamos até às 19h30. Caso contrário, convém ir para casa antes das 19h. Dou banho, dou jantar e cometo alguns "erros" quando me atraso: dou-lhe o jantar enquanto ele vê televisão, apesar de gostar mais dos dias em que jantamos juntos à mesa; deixo-o adormecer a ver televisão, apesar de gostar de me deitar na cama com ele a ler um livro, dois ou três.
Às vezes ele pergunta-me se o lobo vem: digo-lhe sem pressa que não; tranquilizo-o quando lhe digo que os lobos vivem em bosques longe da nossa casa; por vezes também lhe digo que há lobos bons. Às vezes diz-me que não quer ter sonhos maus: peço-lhe para pensar em coisas boas; relato alguns dos melhores momentos do seu dia, tais como as brincadeiras com os amigos no parque, as correrias e gritarias com a prima, os jogos que inventamos, o momento em que o faço ver o mundo ao contrário (ao meu colo, ele inclina a cabeça para trás e vê o mundo ao contrário)... Às vezes ele pede a um santinho que era querido da avó do pai para ter sonhos bons. Algumas noites tenho pressa em sair da cama assim que ele adormece, noutras adormeço com ele (ou antes dele). No dia seguinte a pressa surge outra vez e eu, apesar de ter consciência da sua existência, sei que tenho a sorte de ter algumas horas sem pressa, sei que tenho a sorte de ter algumas horas para fazer o que me apetece e o que mais gozo me dá - há dias em que precisava de ter algum tempo só para mim, nem que fosse meia hora, mas ainda assim tenho sorte. É por isto que quando se fala em mudar de trabalho, em arranjar trabalho num local que me faça perder muito tempo em viagens e transportes, que me faça sair mais cedo e chegar mais tarde a casa, eu assumo que não estou interessada. Ganho pouco, não trabalho na área que gosto (apesar de não odiar o que faço), mas sou feliz assim. Neste momento é isto que eu quero. Amanhã logo se vê. E analisando isto da pressa, concluo que as horas em que tenho mais pressa são aquelas em que tenho de fazer coisa que não gosto tanto. Deve ser um mal geral - deve acontecer com todos. A verdade é que tenho (quase sempre) pressa que cheguem as horas em que não tenho pressa nenhuma.
Às vezes ele pergunta-me se o lobo vem: digo-lhe sem pressa que não; tranquilizo-o quando lhe digo que os lobos vivem em bosques longe da nossa casa; por vezes também lhe digo que há lobos bons. Às vezes diz-me que não quer ter sonhos maus: peço-lhe para pensar em coisas boas; relato alguns dos melhores momentos do seu dia, tais como as brincadeiras com os amigos no parque, as correrias e gritarias com a prima, os jogos que inventamos, o momento em que o faço ver o mundo ao contrário (ao meu colo, ele inclina a cabeça para trás e vê o mundo ao contrário)... Às vezes ele pede a um santinho que era querido da avó do pai para ter sonhos bons. Algumas noites tenho pressa em sair da cama assim que ele adormece, noutras adormeço com ele (ou antes dele). No dia seguinte a pressa surge outra vez e eu, apesar de ter consciência da sua existência, sei que tenho a sorte de ter algumas horas sem pressa, sei que tenho a sorte de ter algumas horas para fazer o que me apetece e o que mais gozo me dá - há dias em que precisava de ter algum tempo só para mim, nem que fosse meia hora, mas ainda assim tenho sorte. É por isto que quando se fala em mudar de trabalho, em arranjar trabalho num local que me faça perder muito tempo em viagens e transportes, que me faça sair mais cedo e chegar mais tarde a casa, eu assumo que não estou interessada. Ganho pouco, não trabalho na área que gosto (apesar de não odiar o que faço), mas sou feliz assim. Neste momento é isto que eu quero. Amanhã logo se vê. E analisando isto da pressa, concluo que as horas em que tenho mais pressa são aquelas em que tenho de fazer coisa que não gosto tanto. Deve ser um mal geral - deve acontecer com todos. A verdade é que tenho (quase sempre) pressa que cheguem as horas em que não tenho pressa nenhuma.
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