Tu. Tu, que nasceste como primogénita em 1955. Que foste a menina bonita da tua aldeia e arredores. Vinham visitar-te por isso. Que choraste muito em bebé. Que atiravas comida para cima do telhado porque não querias comer o que a tua mãe te deixava para o almoço. Que foste filha única durante muito tempo. Que perdeste um irmão. Que, anos mais tarde, ganhaste uma irmã. Que substituías a tua professora quando ela tinha de faltar. Que, por este motivo, ganhaste um vestido de lã. Que começaste a trabalhar aos 13 anos, pequenina e franzina que só tu. Que tiveste muito amor de um lado. Que te faltou muito amor, empenho e carinho do outro - lado este que até te quis dar, que te magoou física e psicologicamente. Que entraste para uma grande empresa aos 19 anos. Que casaste aos 20 anos. Que foste mãe aos 21 anos. Que enfrentaste ruturas. Que anos mais tarde foste mãe novamente. Que trabalhaste de segunda a domingo para não acumulares dívidas que outros fizeram. Que enfrentaste o desemprego numa idade complicada. Que deste a volta e conseguiste um novo emprego quando mais novos do que tu não conseguiam. Que tiraste a carta de condução tardiamente. Que adoras conduzir. Que adoras telefones, não tivesses sido tu uma rapariga das telecomunicações. Que compraste a tua casa sozinha. Que gostas de viver. Que gostas de passear. Que gostas de dançar. Que és avó. Que tens muitos amigos (alguns não são teus amigos, outros são de coração). Que te levaram oportunidades que te estavam destinadas. Que me falhaste, talvez porque te falharam. Que me valeste. Que me cuidaste. Que me fizeste nascer. Parabéns mãe, hoje fazes 60 anos.
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