Conheço duas pessoas, mulheres, que partilham a profissão e o facto de me inspirarem com decisões que tomaram em relação à Educação dos filhos.
A primeira, conheci-a quando a filha frequentava o 1º ciclo do Ensino Básico. Desde cedo ouvi os relatos das dificuldades que a filha demonstrava ter na escola; a falta de concentração; as notas dos testes que eram baixas; as explicações que a filha teve de ter desde cedo, entre outras. Quando a filha terminou o terceiro ciclo, a solução encontrada pela mãe foi a de mudar a filha para uma Escola Profissional. Foi uma opção refletida, com pesquisas efetuadas, tendo em consideração as áreas de interesse da filha. Muitas vozes se levantaram contra esta decisão: "Vais agora meter a miúda numa escola profissional"; "não terá as mesmas oportunidades"; "isso é uma mudança terrível", blá blá blá. Ela manteve a sua decisão, convicta de que estava a fazer o melhor para a filha. Ela conhecia bem a filha, tinha consciência de que a miúda teria muitas dificuldades em realizar todas as disciplinas do ensino secundário. Deu-se a mudança. A filha adorou a experiência. Fez estágios muito bons. Fez um estágio em Barcelona. Terminou o 12º ano. Fez um CET. Seguiu para a Universidade. Frequenta a licenciatura que escolheu. Tem 19 anos.
Em relação à segunda pessoa de que falo, acompanhei a sua primeira gravidez. Ouvi da sua boca os relatos menos românticos da maternidade. Foi ela que me disse que ter 1 ou 2 filhos não é a mesma coisa, como tantos apregoam; que a amamentação pode ser uma porcaria; que os pais podem não sentir aquele amor desmesurado pelos filhos assim que estes nascem; que a maternidade não é só maravilhas. No entanto, adora ser mãe. O filho mais velho faz anos no final de Setembro, logo, estava tudo à espera que ele entrasse no 1º ano do 1º ciclo com 5 anos (a fazer os 6, passados uns dias). Mas não. Ela decidiu que não. Conversou com a educadora sobre as perceções que tinha em relação ao filho, considerava que era muito infantil (a verdade é que com esta idade são mesmo infantis, só que uns são mais do que outros), muito imaturo, que não estava preparado para o ritmo do 1º ciclo. Em conversa e com consenso, concluíram que seria preferível entrar no ano seguinte. Ouviu muitas vozes contra a sua decisão, mas manteve-a. Tudo tem corrido bem, o filho integrou-se com facilidade, já está no 3º ano. Ela é muito interessada. Ela, não só acompanha o filho no percurso escolar, como se envolve com a escola, como procura saber mais sobre o que se passa na escola. Um dia destes falou-me de uma reunião que organizaram para debater ideias sobre as novas tecnologias, de maneira a que os pais compreendessem melhor o que se pode passar nesse imenso mundo que, para muitos, é desconhecido. Ela é atenta. É interessada. É empenhada. É presente. É participativa.
Nenhuma delas trabalha na área da Educação; nenhuma tem conhecimentos muito aprofundados sobre Pedagogia. As duas trabalham por conta própria: são excelentes profissionais e empenhadas no que fazem; gostam do que fazem, são realizadas profissionalmente; não vejo em nenhuma qualquer frustração a este nível. Não se conhecem, mas ambas, cada uma com a sua decisão assertiva, ensinaram-me que não devemos aprisionar as ideias e as certezas que vêm do coração (é a isto que chamam intuição, não é?). Para mim, são uma inspiração.
Nenhuma delas trabalha na área da Educação; nenhuma tem conhecimentos muito aprofundados sobre Pedagogia. As duas trabalham por conta própria: são excelentes profissionais e empenhadas no que fazem; gostam do que fazem, são realizadas profissionalmente; não vejo em nenhuma qualquer frustração a este nível. Não se conhecem, mas ambas, cada uma com a sua decisão assertiva, ensinaram-me que não devemos aprisionar as ideias e as certezas que vêm do coração (é a isto que chamam intuição, não é?). Para mim, são uma inspiração.
Créditos de imagem: yeruzalabrin
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