quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

O que é que eu quero que tu sejas quando fores grande?

A avaliar pelo número de vezes que oiço amigos e conhecidos dizerem que os filhos querem ser Doutores, talvez fosse politicamente correto ter uma resposta. Geralmente, as pessoas que conheço começam pela famosa pergunta "O que é que queres ser quando fores grande?"; depois, surge a resposta dada pela criança; "quero ser Doutor/médico" é a resposta mais ouvida. E eu fico aparvalhada, mas segura por não entrar nesta onda. Julgo que a criança com 2 anos não decidiu, sem influência do adulto, que quer ser Doutora.
Acredito que todos temos sonhos que, por enquanto, ainda não passaram disso mesmo; alguns, talvez nunca se concretizem. Acredito que ficaríamos felizes se os nossos filhos quisessem realizar algum desses sonhos; mais felizes ainda se os conseguissem realizar. No entanto, acredito que só seríamos verdadeiramente felizes se eles fossem felizes com as suas escolhas. A verdade é que, desde que eles realizem os seus sonhos, quer sejam diferentes ou iguais dos nossos, seremos igualmente (verdadeiramente) felizes. 
Acredito que projetamos e desejamos o melhor para os nossos filhos, no entanto não sei como é que se consegue projetar uma decisão futura (tão distante) em crianças com 1, 2, 3, 4 anos; acho até que pode prejudicar a criança em algumas situações mais exageradas, como as de pressões constantes e cobranças por parte dos pais. Talvez se tracem metas e se eduque no sentido de as cumprir, talvez se considere que isso é o melhor; talvez isso seja o melhor. Se eu não tivesse tantos sonhos e tantos objetivos ainda por realizar, talvez a minha postura fosse outra. Não sei. Juro que quero o melhor para ele, desejo que seja bem sucedido nas suas escolhas, ambiciono que seja feliz, mas não tenho, até à data, qualquer ambição profissional para o meu, ainda, bebé; e, sinceramente, espero não vir a ter. Não acho que o caminho seja por aí, apesar de ter consciência de que alguma influência terei nas suas escolhas. É esta a minha opinião. Talvez eu venha a ter perceções, tais como, "acho que ele quer ser calceteiro marítimo" ou "o miúdo de certeza que vai ser fadista numa banda de rock", mas por agora ainda não surgiram. Por agora, ainda estou a decidir o que é que eu quero ser quando for grande. Cada coisa a seu tempo.
Sei que tenho alguns sonhos por realizar; e ainda bem. O meu filho terá os dele, que podem ser tão iguais como tão diferentes dos meus. O que eu quero mesmo é afastar as cortinas da janela; abrir as portadas da vida; espreitar com ele lá para fora e ajudá-lo a observar e a descrever o que vê; quero que ele me diga o que sente e que discorde de algumas opiniões minhas (não todas, não exageremos); depois, quero abrir a janela do mundo e quero que ele sinta o ar que se sente lá fora; de seguida, peço para ser ele a guiar-me até à porta, deixo-o descobrir o percurso, deixo-o abrir a porta e fico a observar o que ele faz perante a imensidão que vê; oriento, apoio, mas promovo a independência e autonomia na tomada de decisão; por fim, e quando ele se sentir pronto, deixo-o caminhar, deixo-o ir... Isto parece ser difícil, mas é o que eu quero.
Apesar de tudo isto, acho que lhe posso perguntar o que é que ele quer ser quando for grande. Ainda não o fiz, mas um dia destes começo a fazê-lo periodicamente; depois, registo as respostas; um dia, rimo-nos delas.

Descobri um blogue em que a autora teve a ideia de fazer um poster, nos aniversários das filhas, no qual regista a opinião dos convidados e familiares acerca do que pensam que as crianças serão quando forem grandes. Adaptando esta ideia à minha, gostava de criar um único poster, com registos fotográficos de diferentes idades com as respetivas respostas que o miúdo me vai dando. Seria interessante afixar o grande cartaz com os registos na festa de aniversário dos 18 anos - se ele quiser fazer festa; e se ele me quiser nessa festa... Se, se, se.

Ver ideia original aqui

P.S. Nos próximos dias, falarei de um livro que retrata bem este texto. Comprei-o quando estava grávida.

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