segunda-feira, 27 de julho de 2015

O pombo que vivia na nossa varanda

O Índio Pirata vivia num terceiro andar de um prédio sem elevador com os seus pais, o pai Pirata e a mãe Índia. A sua casa tinha duas varandas, uma virada a Este e outra a Oeste. A varanda virada a Este dava para as traseiras do prédio onde viviam e para os quintais dos vizinhos do outro prédio. Era habitual ver os pombos, que cirandavam pelos telhados, pousarem no parapeito desta varanda. Do lado Oeste era normal ouvirem-se os passarinhos cantar logo pela manhã e as árvores a abanar quando estava muito vento.
Um belo dia, o pai Pirata achou que seria interessante colocar na varanda Este uma cadeira de palha para se sentar a beber uma "água fresquinha" ao final do dia, quando chegasse do trabalho. Num outro dia, não tão belo, em que a mãe Índia não aguentava tanta coisa desarrumada, o pai Pirata, cansado de a ouvir refilar, decidiu arrumar a lenha debaixo da dita cadeira. Na verdade, o pai Pirata montou o lar perfeito para um dos pombos que rondavam aquela zona. O pombo começou por pousar no parapeito da varanda mais vezes do que o habitual. Depois, foi ocupando a cadeira. Por fim, foi ficando para dormir adotando a varanda como o seu verdadeiro lar. Ninguém tinha direito a ir àquela varanda porque o Sr. Pombo julgava-se senhor e dono da mesma, parecia até que tinha celebrado um contrato de aluguer em que uma das cláusulas era não ser incomodado.
O Índio Pirata delirava com o pombo que vivia na sua varanda, apesar de se encolher quando a ave levantava voo. Era quase como se fosse o seu animal de estimação, no entanto, visto através do vidro da janela. Quando chegava a casa perguntava pelo pombo. Em dias em que as birras se apoderavam do Índio Pirata à hora de jantar, os pais falavam-lhe do pombo e levavam-no à procura do animal através do vidro da janela da varanda, afastando-o assim das suas crises existenciais (birras). E resultava. Na rua, quando via pombos, gritava e corria atrás deles, ainda que se encolhesse quando os animas voavam muito perto dele. O pombo, não chateando muito, não deixava a família Índio-Pirata utilizar a varanda. Esta estava sempre suja.
Foi então, que os pais decidiram que queriam a sua varanda de volta. Acharam também que o pombo, ainda pequenino, devia estar junto dos seus pais, era muito novo para viver sozinho. Por isso, resolveram retirar da varanda todos os objetos que o tinham cativado a viver ali, nomeadamente a lenha e a cadeira. O pai Pirata retirou o material da varanda e esperou que o pombo desaparecesse, o Índio Pirata continuou a perguntar pelo pombo e a mãe Índia sabia que aquela "ordem de despejo subtil", apesar de ser justa e necessária, iria demorar alguns dias a concretizar-se. E assim foi, o pombo foi aparecendo, meio confuso como se lhe tivessem assaltado a casa, questionando se se teria enganado na varanda. No entanto, como via o Índio Pirata sabia que estava no sítio certo e insistia em aparecer e ficar na sua varanda. Os pais do pombo estavam felizes porque, no meio destas dúvidas, o pombo ia e vinha da varanda Este à casa dos seus pais com regularidade.
Os pais do Índio Pirata explicaram-lhe os motivos pelos quais o pombo tinha deixado de viver na sua varanda e disseram-lhe que, apesar disso, ele e o pombo podiam continuar a ser amigos, desde que quisessem. E assim foi. O pombo passou a viver no conforto de uma casa cuidada pelos seus pais, rodeado de mimos e atenção. O Índio Pirata e os pais puderam, finalmente, começar a utilizar a sua varanda do lado Este. O pombo todos os dias vinha espreitar o menino por entre o vidro da janela da varanda. Os dois riam-se, cúmplices, como se se estivessem a cumprimentar. Continuaram a ser amigos por muitos e muitos anos. Quando o Índio Pirata, já adulto, comprou a sua casa, o pombo foi convidado a conhecê-la e não eram poucas as vezes que o visitava. Pousava no parapeito da sua varanda, também ela localizada no lado Este, e ali ficava à espera que o Índio Pirata lhe sorrisse. Ele sorria-lhe, o pombo retribuía e levantava voo.

Créditos de imagem: Wishªcolor

P.S. Vou já avisando que o animal que está no braço do Pirata é um Pombo. Está é mascarado de Papagaio Pirata Maluco.

Filho, existiu mesmo um pombo que viveu, durante uns tempos, na nossa varanda e tu gargalhavas quando o vias. Desculpa a distorção da realidade, mas não sei se ele era pequenino, nem sei se voltou a viver com os pais. Achámos que a justificação dada com estes argumentos era mais fácil de entender. Precisávamos mesmo da nossa varanda e um pombo não é animal que possamos ter em casa. A mensagem que te quero transmitir é a do valor da amizade. Se for verdadeira manter-se-á para sempre. Preserva os amigos.
Pessoalmente, não gosto de pássaros em casa, acho que eles nasceram para ter o céu como limite, para voarem, para serem livres. Quanto a ti, desejamos que ganhes asas e alcances os teus próprios limites. E que o céu não te limite.
Parabéns pelo teu 22º mês de vida e um beijo da tua mãe.

domingo, 26 de julho de 2015

Grandes livros para pequenos leitores #2 - Avós

TÍTULO: AVÓS

Conheci este livro quando estagiei com crianças do 1º ano do 1º ciclo do Ensino Básico, numa atividade semanal em que uma criança levava 1 livro para apresentar aos colegas. Como o próprio nome indica, fala de avós e do encanto que a velhice pode ter. Fala de cumplicidade e de amor.
É um livro de Chema Heras com ilustração de Rosa Osuna, da Editora Kalandraka.


Este livro pode ser um belo presente para netos ou para avós. Para assinalar esta data especial, ou não. Qualquer dia é um bom dia para oferecer e/ou receber um livro. Pode ser lido em voz alta e em família.
Os avós que aqui são retratados não são iguais aos de todas as crianças - não são iguais aos meus, por exemplo. Assim, em contexto escolar, acho que o dinamizador de uma atividade que envolva este livro deve ter isso em consideração. Pode pedir às crianças que descrevam alguns episódios divertidos que tenham vivido com os seus avós, sejam eles casados ou separados, vivam eles em Portugal ou na China, sejam eles pessoas da cidade ou do campo. Para além destas diferenças, algumas crianças podem não ter avós. Neste caso, pode pedir às crianças que falem/descrevam outra figura (familiar ou não) de quem gostem muito. Será na diversidade das experiências partilhadas que estará o ganho. E no riso resultante da descrição de momentos divertidos que estará a felicidade. Feliz vida para todos os avós. 

Avós: Os meus e os teus.

Quando nasci os meus quatro avós ainda eram vivos. Tinha ainda uma bisavó materna. Lembro-me de ter orgulho em dizer que tinha quatro avós e uma bisavó. Era normal ter 4 avós, mas lembro-me de muitas amigos já terem perdido algum, de um lado ou de outro. Eu achava que tinha a maior riqueza do mundo porque tinha os quatro mais o bónus da bisavó. Tive maior proximidade com os avós maternos porque os meus pais separaram-se quando eu tinha 2/3 anos, mas tenho recordações boas dos avós paternos. Na verdade, as melhores recordações são as das duas avós, ambas divorciadas por motivo de desrespeito e de maus-tratos.
A minha avó materna foi mãe substituta, aquela que fazia a nossa comida preferida, aquela que corria para fazer um doce quando lhe dizíamos ao telefone que íamos visitá-la, aquela que nos cortava a fruta porque, coitadinhas de nós, nos podíamos cortar, aquela que zelava pelo nosso bem estar, aquela que nos dava colo e que estava sempre do nosso lado. Ainda hoje é assim. Ela viveu na nossa casa durante alguns anos e o instinto protetor, os mimos que nos dava a título gratuito sem pedir nada em troca são património da nossa formação moral e a melhor herança que podemos ter. Lembro-me de querer ficar com ela por me sentir livre, por me sentir criança de verdade, sem responsabilidades, livre de pressões.
A minha avó paterna era alta, muito alta para a época em que nasceu, tanto, que os sapatos eram feitos por encomenda. Era delicada. Tinha um olhar verde transparente, tão transparente que quase lhe líamos o pensamento através do olhar. Tinha uma beleza fora do normal e calhou-lhe um destino traiçoeiro. Eu gostava muito dela e sentia no seu olhar e no seu sorriso sincero e puro que ela também gostava de mim. Ela não esteve mais presente na minha vida porque o meu pai ausentou-se da minha vida por alguns períodos de tempo, ou eu ausentei-me da dele, não sei. Ela não esteve mais presente na minha vida porque não me conseguia alcançar, eu vivia longe e ela não podia caminhar na minha direção. Viveu muitos anos numa cadeira de rodas e dependente de todos. Tenho saudades dela, foi uma referência para mim. Lembro-me de as pessoas dizerem que me parecia com ela, mas não. Ela era tão mais bonita, tão mais singela e delicada do que eu. Dela, não herdei o mesmo cuidado e proteção que herdei da minha avó materna, mas herdei o amor e o carinho que me tinha.
Do meu avô materno, recordo-me que vendia gelados em mercados, que me oferecia um gelado de vez em quando, que, até uma certa idade, nos levava ao mercado na época de Natal e no aniversário para nos comprar roupa nova. Não me lembro de valores, mas lembro-me de traços da sua personalidade que eu não queria ter. Ele tratou mal a minha avó e eu tomava as dores dela como minhas.
Do meu avô paterno, lembro-me de o ir visitar à terra, da casinha modesta que tinha e de o ver andar de carroça puxada por um burro. Acho que a minha avó se apaixonou por ele quando o viu montado num cavalo branco. Ouvi esta história, mas não sei descrever bem como foi. A verdade é que, no final desta história que podia ter um final feliz, não foi amigo nem companheiro da minha avó.

Filho, infelizmente, já não tens avô materno. Mas tens duas bisavós. Desejo que construas boas recordações dos teus avós, tenho lutado por isso apesar de todas as dificuldades. Não tem sido fácil, aliás, é cada vez mais difícil.
Desejo que os teus avós te transmitam valores, que marquem a tua personalidade com mimos e risos, que te amem. Que te amem muito, mas que não minem a família nuclear que somos nós os três. Não permito maldades, não permito deturpações da realidade, não permito intrigas gratuitas, não permito obsessões, não permito falsas moralidades. Se for para te amarem, que te amem, sem interesses e sem cobranças. Porque o amor de verdade é assim, mas há pessoas que não o sabem.
Espero que descubras através dos teus avós, familiares e amigos o verdadeiro valor do amor simples e despretensioso. No fim de tudo isto, é o que importa. Desejo que construas boas memórias de vivências com os teus avós e que eles permitam que as guardes no coração. E que um dia, tal como eu, decidas em consciência quais são as tuas melhores recordações. É bom ter avós!

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Quando ela quer, ela consegue!

Quando ela pensa numa coisa e decide que a quer, ela vai e consegue. Desta vez foi a entrada no mestrado. Daqui a dois anos venho aqui dar-lhe os parabéns pela conclusão e chamar-lhe Mestra. A minha irmã é assim! Força aí!

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Barómetro de crescimento #4

Por vezes compro roupas online para ti. Costumava selecionar a opção "Bebé Rapaz" para visualizar as ofertas. Agora, já tenho de selecionar a opção "Rapaz".
Onde foste tu, bebé Rapaz? E tu Rapaz, vieste de onde!?

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Adeus fim de semana, férias à vista!

Uma ida à piscina. Uma conversa de corredor com uma prima do pai. Um almoço na casa da avó enquanto a mãe limpou a casa e o pai foi às compras. Alinhamento de direção do automóvel - o pai lá de casa diz que fui eu que desalinhei aquilo, este homem inventa com cada uma. Ir a Carcavelos. Um jardim. Um picnic. Um aniversário de uma menina linda que só conhecemos hoje. Rever um bebé que já tem 4 meses. Chutos na bola. Brincadeiras na relva. Conversas soltas. Deixar cair um saco e ficar tudo espalhado no chão; uma menina de patins que passa por nós e pergunta se queremos ajuda; respondemos que não; ela diz que insiste - baixou-se e ajudou-nos, que doce de miúda. Uma outra miúda  a dar pão aos patos. Desfile de pombos no jardim. Um parque diferente. Rir à gargalhada. Dar uma cabeçada no baloiço. Ver o Rio Tejo da janela do carro. Regressar a casa. Dormir. Acordar. Uma segunda feira que chega. Entrar em contagem decrescente para as férias. O fim de semana foi assim e assim estamos nós. Adeus fim de semana , férias à vista! 

sábado, 18 de julho de 2015

Reflexões profundas (ou não) #6 - Marcação de território

São só os gatos que marcam território? Tenho a dizer que, desconfio, está a ocorrer uma regressão ou uma mutação na espécie humana, é que o meu filho fez o mesmo lá em casa. Sofá, móvel e chão da sala já estão marcados.

Reflexões profundas (ou não) #5 - Mãe tecnológica, mas pouco

Descobri como colocar "Etiquetas" no blogue, já estava prestes a desistir. Consegui colocar uma descrição acerca do blogue, a verdade é que é mais 1 entre os 500 000 que por aí andam, mas lá escrevi qualquer coisa. Inseri as mensagens mais populares do blogue, só que neste ponto há um problema. Eu seleciono 4 mensagens e aparecem sempre 10. É um bocado ridículo, tenho quase o mesmo número de "mensagens mais lidas" e mensagens publicadas. Mas acho que sei qual é o problema, estas 10 mensagens que aparecem devem ter sido lidas umas 7 ou 8 vezes, o mesmo número de pessoas a quem eu falei disto - estão empatadas, logo aparecem todas. Isto leva-me à brilhante conclusão que houve algum dos 8 que não leu as restantes. Quem é que não leu? Acuse-se. Ou talvez não, é que se todos lêem todas as mensagens, aparecem-me todas nas mais lidas e isso seria mesmo muito ridículo.
Agora só falta colocar aquele botão que serve para pesquisar coisas nos blogues, tipo motor de busca. Eu vejo isto noutros blogues e acho que é útil, mas onde é que arranjo uma coisa dessas? No supermercado? Na loja do Chinês mais próxima? Na farmácia?
Bem, só posso concluir que das duas uma: ou a configuração desta coisa não é assim tão intuitiva; ou eu não tenho intuição nenhuma para a coisa. De certeza que é a primeira.

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Barómetro de crescimento #3

O NÃO e o desenvolvimento da linguagem.
Se por um lado, o desenvolvimento da linguagem acontece em simultâneo com o teu crescimento, por outro, o NÃO é um barómetro perfeito desse desenvolvimento - constróis mais frases, mas sempre com o NÃO a reboque. 
Tal como já escrevi antes, começaste com o NÃO, seguiu-se o NÃO QUERO e atualmente utilizas frequentemente o AGORA NÃO QUERO. Como podes constatar, já constróis pequenas frases. Até aqui tudo bem, é normal que assim seja. O problema é utilizares o NÃO exageradamente e eu não saber muito bem o motivo pelo qual isso acontece. A exposição precoce das crianças a uma diversidade linguística é favorável à aquisição da linguagem e eu só me pergunto se terás ouvido assim tantas vezes a palavra NÃO para, agora, a utilizares com tanta frequência.
O pai já te desafiou com algumas variantes, tais como, AINDA NÃO QUERO ou JÁ NÃO QUERO! Eu, só consigo desafiar-te com um antónimo dessa terrível palavrinha, o SIM.
Filho, SIM é uma palavra tão bonita, tão singela e tão positiva.

Lê:
Simples começa por sim.
Entre sim e som só há uma pequena diferença.
Simpatia também começa assim.
Queremos a abolição do não, dás licença?

Para que isto não se torne um  frenesim,
esperamos que faças disto uma crença,
podes alcançar muitas coisas se usares mais o SIM. Sim!?
É que já estou a perder a paciência.

Neste pequeno texto temos 7 vezes o som SIM e 1 vez a palavra NÃO. Vou ler-te este texto todas as noites até interiorizares o SIM e o seu valioso significado. Se ainda assim não acrescentares esta palavrinha ao teu rico vocabulário, ficas de castigo, não sais de casa até escreveres 50 vezes a palavra SIM. Ai ainda não sabes escrever!? Estou tramada.

Deixa-me lá então analisar a quantidade de vezes que utilizo o NÃO, só para avaliar se a culpa é minha. Não tires os livros da prateleira; Não ligues as máquinas; Não mexas no piaçaba; Não atires isso para o chão; Não desarrumes isso; Não é preciso chorar; Não comas areia; Não comas a plasticina; Não comas o creme; Não bebas a água do banho; Não se bate... Bem, talvez estejas mesmo exposto muitas vezes à palavra NÃO. Vamos lá mudar o rumo disto.

Exemplo de alternativas às frases negativas:
- Não tires os livros da prateleira - Filho, esses livros são da mãe, se quiseres podes ler os teus que estão naquela prateleira.
- Não bebas a água do banho - Filho, tens sede? Se responderes que sim: Oh Pai da casa, traz a água do Pirata.
- Não comas o creme - Tira o creme da boca.
- Não mexas no piaçaba - Não mexas no piaçaba, que isso é uma grande porcaria. Para esta não há alternativa, é NÃO e ponto final. Aviso já que digo piaçá, só estou a escrever piaçaba para me armar... em parva.

Isto cansa-me, mas chego lá. Espero que tu também.

terça-feira, 14 de julho de 2015

Foi assim que aconteceu #2 - Ele e ela na festa de aniversário

ELE E ELA NA FESTA DE ANIVERSÁRIO

Há dois anos fomos ao 2º aniversário do filho do padrinho do meu filho. O meu filho foi na barriga e a minha sobrinha pela mão. Eu escrevi:
"Filho, tenho andado afastada da escrita. Não por falta de inspiração - tu és uma fonte inesgotável - ou motivação. Aconteceram coisas menos boas na vida de duas pessoas que amamos muito, por isso não tenho vontade de escrever. Já te expliquei a situação e acho que compreendeste. 
No passado dia 7 de Julho fomos ao aniversário do filho do teu padrinho com a prima. Brincámos muito, jogámos à bola, ela andou de triciclo, cantámos os parabéns e comemos bolo - esta é sempre uma parte que eu e a tua prima adoramos. Divertimo-nos muito, sempre contigo a reboque. Se não gostaste, desculpa, mas, por enquanto, não tens alternativa."

No sábado passado fomos ao 4º aniversário do filho mais velho do padrinho do meu filho e ao 1º aniversário do mais novo. Desta vez, os dois pela mão - o meu filho e a minha sobrinha. Dois anos passados e tudo mudou. Para melhor.
Foi uma festa que começou às 10h e terminou às 22h, foi um dia em cheio. Nenhum deles queria deixar a festa. Começaram por saltar e correr nos insufláveis, passaram por mergulhos na piscina antes do almoço. Depois da digestão feita voltaram à piscina. O Pirata sempre aos pulos e aos gritos de alegria, com braçadeiras e comigo a agarrá-lo. Ela, a mergulhar e a fazer cambalhotas (ou tentativas), feliz da vida, a dizer que queria voltar sempre que fizessem festas naquele sítio. Os dois felizes, tão felizes. A vida podia ser sempre assim: nós, os dois adultos, rodeados de outros adultos, de crianças (as nossas e as dos outros), com brincadeiras e petiscos.
As brincadeiras dentro de casa também foram muitas. O cavalo de baloiço foi a atração. As brincadeiras dela com os outros, como é sociável esta miúda, como tem uma capacidade de adaptação enorme. As brincadeiras dele, algumas individuais, outras no meio dos mais crescidos. As pinturas em conjunto. O faz de conta próprio da idade dela e o egocentrismo próprio da idade dele. A chegada das gémeas da idade dele. Foi tão bom revê-las, gosto muito da mãe delas. Tudo correu bem. E eu só desejo que eles criem laços ainda mais fortes, que partilhem muitas experiências, que construam histórias a dois, que sejam amigos para a vida.
Os aniversariantes: O mais velho, crescido, e concentrado nas atividades próprias da idade e nas prendas que lhe foram oferendo ao longo do dia, feliz por fazer anos. O mais novo, sempre feliz, a gatinhar e a levantar-se, a tentar perceber o que se estava ali a passar e com um sorriso contagiante.
Foi um dia muito especial. Parabéns aos dois e obrigada pelo convite.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Foi assim que aconteceu #1 - 7 anos

O NOSSO ANIVERSÁRIO!

O tópico "Foi assim que aconteceu" incluirá os textos escritos antes de o blogue nascer. Servirá para relatar acontecimentos passados e fazer a ponte com acontecimentos presentes.

Há 2 anos escrevi:
"Hoje comemoramos um acontecimento especial. Faz hoje 5 anos que eu e o pai iniciámos o caminho que nos trouxe até aqui. Um caminho cheio de coisas boas e desafios que nos permitiu decidir ter um filho. É por termos percorrido este caminho juntos, com os altos e baixos normais de uma caminhada a dois, que te esperamos, meu amor.
Começámos a namorar no dia 13 de Julho de 2008. Para ser mais exata, o teu pai não me pediu em namoro (estou à espera até hoje), mas sinto-me comprometida com ele. Agora ainda mais, na medida em que temos um objetivo comum para toda a vida: a tua felicidade!"

Hoje:
Faz 7 anos que iniciámos o nosso caminho, sem certezas do que o futuro nos reservava, sem planos a dois porque era apenas o início, sem pressas. Fizemos tudo ao ritmo do nosso tempo, do nosso desejo e de acordo com o que o nosso coração nos foi dizendo. Hoje, sabemos que o futuro nos reservou, pelo menos, 1 filho. Tu, meu amor, fruto de nós, nasceste deste caminho a dois que teve início há 7 anos. Teve início em terra firme, próximo do mar e iluminado pelas estrelas da noite. Quanto vale este amor, agora com um filho!? É impossível quantificar.
Venham 7 x 7 anos e mais qualquer coisa. Eu quero continuar a ser namorada, amiga e companheira do teu pai. Quero continuar a refilar com ele. Quero que ele diga para eu parar quando estiver a esticar a corda. Quero continuar a dizer-lhe para ele parar quando estiver a ultrapassar limites. Quero continuar neste caminho com ele. Quero continuar a ser tua mãe com ele ao meu lado. Quero mais sintonia entre nós. Quero que sejamos felizes. Quero que sejamos família. Parabéns pelo 7º aniversário!

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Utopia #2

Quando era mais nova imaginava que quando fosse mãe queria continuar a trabalhar, queria continuar a ter a minha rotina laboral, queria continuar a ser uma pessoa ativa que acumulava cursos aqui e acolá. Sem grandes reflexões, achava que isso era resultado da evolução da sociedade em que a mulher tem um papel ativo. Era assim que eu pensava.
Agora, para mim, uma mãe deixar o seu bebé com 4 ou 5 meses entregue a terceiros não é sinal de evolução. Pais e filhos não poderem estar juntos ao final do dia, envolvidos em brincadeiras, sentados numa esplanada, jogarem à bola ou à macaca ou não jantarem juntos, não é sinal de evolução. As pessoas viverem com medo, passando, por isso, o emprego para 1º plano nas suas vidas, não é evolução. Os pais renderem-se - um entrar em ação quando o outro sai para trabalhar - não é evolução. Vivermos com necessidades impostas por nós, com vontade de ter isto ou aquilo porque metemos na cabeça que ter isto ou aquilo é que é importante, não é evolução. Sinto-me a ir na maré da maioria, mas contra a minha maré, contra a minha natureza, contra àquilo que digo que valorizo. Dizer não basta, tenho de fazer. Já faço muito daquilo que valorizo, mas quero fazer mais.
Fiquei desempregada e decidi engravidar (não decidi sozinha) nessa altura. Fui mãe no desemprego e desejei poder ficar com o meu filho até ele ter, pelo menos, 1 ano; nos meus sonhos, até ele ter 2 anos. Quando ele tinha 8 meses e pouco comecei a fazer uns trabalhos em part-time que foram ocupando cada vez mais tempo. Esses trabalhos começaram a escassear e eu voltei a receber o subsídio de desemprego subsequente, que terminaria em breve.
Por fim, arranjei trabalho a tempo inteiro quando o meu filho tinha 13 meses. Recomecei a rotina laboral receosa, no entanto, consciente de que tinha o privilégio de trabalhar perto de casa, sem perder horas em transportes. E assim tem sido, até agora. Vou buscá-lo cedo, vou com ele ao parque e à mercearia perto de casa, às vezes vamos os três à esplanada. Temos sorte ou queremos muito que assim seja, não sei.
No entanto, tenho o desejo de poder acompanhar mais o crescimento do meu filho, ter mais tempo para organizar a casa, para fazer mais coisas com o, ainda, bebé, ter mais disponibilidade para mim, para ele, para a família - para aumentar a família, quem sabe. Desejo passar as férias grandes, e as pequenas, em família. Desejo continuar a não falhar uma consulta do meu filho - a última vez que esteve doente foi a avó que o levou ao médico e isso custou-me, não quero habituar-me a isso. Não pensei que desejaria isto com tanta intensidade, mas desejo.
Não me vejo sem ter uma atividade só minha, mas gostava de ter outra disponibilidade para fazer o que gosto e para estar com quem gosto. Penso que passo pouco tempo com a minha sobrinha e no muito que estou a perder. No meio destes pensamentos desço à terra e olho para os factos com a razão, mas o desejo está lá. Uma vez disseram-me que era obstinada. Eu não tinha consciência disso, na verdade, acho que comecei a sê-lo nesse momento, por isso, se este desejo se mantiver ou crescer, algo tem de mudar.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

A criar novas tradições

Estamos a criar novas tradições em família. Gosto da ideia de fazermos algo nosso, algo que nos passará a ser familiar, algo que se tornará uma tradição para nós.
Já começámos a celebrar a passagem de semestre e, à semelhança do que se faz na passagem de ano, pedimos desejos. Na verdade pedimos apenas um desejo que é coletivo, é dos três. O Índio Pirata vai por arrasto porque, para além de querer brincar, andar a laurear a pevide, (em)birrar e desarrumar tudo, não emitiu grande opinião sobre este assunto, mas faz parte da nova tradição.
Não podemos dizer qual é o nosso desejo até se concretizar ou até ao próximo ano, quando celebrarmos novamente a passagem de semestre. Nessa altura, caso não se tenha realizado, refletimos sobre o motivo pelo qual não se realizou e escolhemos se o mantemos ou se o cancelamos, temporária ou definitivamente. Na verdade é um objetivo, algo que achamos que é exequível, apesar de não ser propriamente fácil. Acredito que vamos conseguir, acredito, acredito, acredito!

terça-feira, 7 de julho de 2015

segunda-feira, 6 de julho de 2015

A brincar é que a gente (pequena) se entende #4 - Brincadeiras no lava-loiça

Também pode ser no bidé (esta palavra é tão poética que nem sei como não a uso mais vezes) ou num alguidar.
Os miúdos querem é disto. No outro dia coloquei-o em cima do banco, enfiei-lhe um avental mal amanhado (a palavra amanhado também é bonita), dei-lhe um esfregão para a mão, umas caixas e uns pratos de plástico e colheres e disse-lhe que estava na hora de ele começar a lavar a loiça. Maravilha. Ele molha o esfregão, ele tenta espremê-lo para retirar o excesso de água ao mesmo tempo que anda com ele para a frente e para trás deixando, assim, um rasto de água num raio de 2 metros. Ele esfrega a loiça. Pede para abrir a torneira. Eu abro e ele aproveita para lavar as mãos. Encho o tupperware com água, fecho a torneira e digo que já está. Ele continua naquela vida, compenetrado, concentrado, a aprender a fazer, a experimentar. A molhar-se e a molhar o chão. E eu, depois, reclamo em pensamento que o chão da cozinha está nojento. Mas fui eu que incentivei. Então não reclames. 

Reflexões profundas (ou não) #4 - Redes sociais, nem sei o que diga!

"Tens mais amigos no Facebook do que pensas" foi o assunto do email que o próprio Facebook me enviou. E eu quero responder-lhe: E tu, meu grande bisbilhoteiro, como é que sabes o que eu penso? Sempre disse que esta mer#@ qualquer dia nos lia o pensamento. Estou lixada, esse dia chegou. 
Eu sei que este tipo (o Facebook) está fulo da vida comigo, só porque criei uma página e não aceitei amigos. Só porque lhe ocupo um quarto e não lhe pago renda. Mas tem de aguentar. Não me venha é com conversas de bruxos, mais um pouco e envia-me emails a comunicar-me o meu destino. Eu não quero saber Sr. Sabichão, de ti só quero mesmo saber os números do Euromilhões da próxima semana (não os que vão sair daqui a 90 anos, só mesmo os da próxima semana). Não tendo esta informação para me dar, pára de me incomodar. Se te portares bem, talvez eu crie uma página para este blogue. E aceito amigos e tudo.

domingo, 5 de julho de 2015

Viva a (In)dependência: A primeira noite na casa da avó

É verdade, aconteceu há um mês, foi no início de Junho. Foi a primeira noite em que eu e o pai te deixámos na casa da avó. Fomos jantar fora (a loucura), fomos às festas da nossa terra, conversámos com adultos horas seguidas, bebi 1 Gin (1 e meio, no máximo).
Começámos a noite sozinhos, os dois sentados num restaurante sem posturas incorretas, sem estarmos torcidos para te dar a sopa, para agarrar o copo que está prestes a cair no chão, para apanhar a faca que já caiu. Então, e o que é que fizemos? Vimos fotografias de quando eras muito bebé (agora só és mais ou menos bebé), recordámos os teus primeiros meses, falámos de ti. Que giro, que terapêutico, que emocionante. E até que foi. Foi bom, não nos podemos esquecer que foi a primeira vez, há que ter paciência. No fim conseguimos desligar (q.b.) e descontrair.
Ah, esquecia-me de um pormenor sem grande importância, fui dormir à casa da tua avó. Às 2 da manhã já estava lá com banho tomado e tudo. Às 9h00 já estávamos na praia. Isto foi só o começo, para a próxima só apareço para o pequeno almoço. Estou cada vez mais independente. 

A brincar é que a gente (pequena) se entende #3 - Castelos na areia e mergulhos no mar

Falando agora de ondas reais. Há 15 dias fomos à praia, o pai ensinou-te (leia-se, aprendeu ou reaprendeu) a construir castelos na areia. Ele pediu para que eu escrevesse aqui sobre este momento, e eu escrevo. 
Dá gozo ver-vos sentados na areia a construir castelos, a conversarem sobre coisas simples e vossas, a serem cúmplices, a crescerem juntos. Tu como filho, ele como pai. Ele tem paciência, senta-se no chão e inicia a obra da arte, uma obra de arte para ti, para tu brincares, para tu explorares. Para que possas experimentar a construir as tuas próprias obras.
Enchemos o regador e os baldes de água à beira mar. Deixaste fugir o regador, o pai foi buscá-lo. Saltaste nas ondas até te cansares, ou melhor, não te cansaste, nós é que decidimos que era altura de terminar a estadia na praia.  Correste e deixaste as marcas desses pés pequeninos na areia. Brincámos à apanhada. Eu apanhei-te. Apanho-te sempre, por enquanto.

Hoje voltámos à mesma praia, mas desta vez o pai fez uma piscina só para ti à beira mar, na qual tu brincaste e saltaste. Eu mergulhei-te no mar. Aproximou-se o meio dia, hora de vir embora.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Grandes livros para pequenos leitores #1 - Onda

TÍTULO: ONDA

Quero comprar-te este livro. Faz sentido descobri-lo contigo, faz sentido comprá-lo nesta altura do ano.
Quero ensinar-te como o mar é imenso, misterioso, guardador de riquezas, habitat natural de muitas espécies. É vida. Tem de ser respeitado. Mas só falaremos destas coisas, de maneira mais aprofundada, mais tarde, quando tiveres outro entendimento.
Hoje, quero que corras na areia. Quero que vejas como o mar e o céu se abraçam lá ao fundo. Quero que saltes nas ondas e dês gargalhadas altas. Quero que faças castelos na areia. Quero que vejas os peixes no fundo mar. Quero que percebas porque te agarro quando saltas à beira mar, é perigoso cair. As ondas são divertidas, mas podem ser perigosas, temos de respeitá-las. Quero que ouças e vejas as gaivotas.


É um livro de Susy Lee, da Editora Gatafunho. É um livro profusamente ilustrado, o que permite a cada leitor inventar a sua própria história. Imagino que em contexto de Jardim de infância ou de 1º ciclo se possa inventar uma história coletiva, onde cada criança acrescenta mais um pouco à história final. Julgo que em final de ano letivo seja um livro apelativo, na medida em que algumas crianças começam a ir à praia aos fins de semana e, certamente, se identificarão com algumas imagens. Acho que pode ser utilizado para falar de segurança na praia. Acredito que tudo isto também pode ser realizado em família.
Confesso que gostava de inventar uma história para este livro à beira mar, mas sei que não vais ficar sentado ao meu lado, quieto, a ouvir uma história. Vais querer correr, meter as mãos na areia e a areia na boca. É isso que vais fazer. 

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Adeus meu querido mês de Junho

O mês de Junho é o mês que tem o maior dia do ano. É o mês em que a minha avó foi mãe pela primeira vez. O meu amigo, que foi pai o mês passado, faz anos em Junho e eu dei-lhe os parabéns com dias de atraso (desculpa). É o mês dos Santos Populares. É o mês das festas da minha terra de nascimento, Lisboa, e da terra onde vivo. Gosto de tirar 2 ou 3 dias de férias no mês de Junho. É o mês em que a frequência de idas à praia aumenta. É o mês das sardinhadas. O Verão começa em Junho. O 1º semestre de cada ano termina em Junho. Mesmo sem estarmos de férias já sentimos a descontração desse estado (de férias). Gostamos quando passas devagar. Este ano já passaste.
Adeus meu querido mês de Junho, já deixas saudades.