terça-feira, 11 de setembro de 2018

Cara ou coroa: um jogo de sorte ou azar

A iniciar um novo jogo, um jogo de sorte ou azar: é assim que me sinto desde que decidimos inscrevê-lo na Escola Pública.

Começa logo com o sítio onde tiveste a sorte ou o azar de comprar casa.

Passa por teres referências da escola A e/ou B. Por teres a sorte de conhecer alguém que trabalha nas ditas escolas. Por conheceres alguém cujos filhos frequentam essas mesmas escolas. Por teres referências para optares de acordo com o que valorizas.

Passa pela sorte ou pelo azar de o responsável pela distribuição das crianças pelas escolas do Agrupamento perceber o que está a fazer. Ou pelo menos ter o profissionalismo de ler o Despacho Normativo em vigor - tenho a certeza de que o responsável aqui da minha zona o leu... pelo menos parte dele, depois da minha reclamação na qual transcrevi excertos do mesmo.

Passa pela sorte de a criança ser colocada na escola que preferes, numa turma em que encontrará caras conhecidas, alguns amigos, algumas referências.

Passa pela sorte de a dita escola ter um/a bom/boa coordenador/a ou pelo azar de o/a mesmo/a ser intragável.

Passa pela sorte ou pelo azar de a escola em que o teu filho entrou ter boas ou más instalações. Boas ou más infraestruturas. Boa ou má cozinheira. Boa ou má comida.

Por fim e no topo da hierarquia, aquela variável que te faz ganhar ou perder o jogo: o/a educador/a - já sei que é uma educadora. Será boa? Será má? Estes adjetivos são redutores, mas isto é (só) um jogo. Aquele que pode ser considerado o jogo da infância do teu filho, mas para muitos apenas mais um jogo.
Quem diz educadora, diz professora, auxiliares e afins. 

E ainda que te prepares para o jogo, trabalhes o raciocínio, tenhas astúcia, facilidade na resolução de problemas que envolvem a lógica, elimines obstáculos, podes ganhar ou perder. (Parece que) nada depende de ti. E não depende, afinal isto é tão somente um jogo de sorte ou azar. É como jogar à moeda: cara ou coroa?
Eu, que fiz questão de visitar várias escolas, que falei com coordenadoras, que ouvi testemunhos, que avaliei e selecionei o que me pareceu melhor, sei que há coisas que não estão nas minhas mãos. Sinto-me a ter de fechar os olhos e a acreditar... na sorte. Consciente de que podia não ter feito nada do que referi antes e ter a sorte de uma boa educadora.

Vou esperar pela reunião geral e pela reunião com a educadora, vou esperar pelo primeiro dia, vou esperar pelo sorriso do meu filho, pelo seu discurso no regresso a casa, pelo brilho nos olhos a caminho da escola.
Fui ingénua, não pensei que me custasse tanto esta mudança, apesar de a ter previsto aqui. A educadora que ele teve tornou esta mudança ainda mais difícil.
Tal como escrevi aqui, eu sou pela Escola Pública, mas pela Escola Pública com qualidade.


P.S. 1 Se eu escolher cara e me calhar coroa, faço as malas e o miúdo regressa à escola em que esteve até ao final do mês de Agosto e só sai de lá aos 18 anos. Em relação ao orçamento mensal, que se lixe, é confiar na sorte.

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

O regresso às férias no sítio do costume: Armona 2018

O regresso ao passado recente. o regresso à nossa tradição de Verão. o regresso à viagem que nos faz chegar a Olhão. o regresso ao mar quente. o regresso às refeições na rua sem hora marcada. o regresso às caminhadas. o regresso ao passadiço de madeira. o regresso aos mojitos nos "Belgas". o regresso aos gelados (quase) todos os dias. o regresso às bolas de Berlim. o regresso ao estendal colorido feito com as toalhas de praia de cada um de nós. o regresso ao café da manhã no "Carlos". o regresso às cavalitas a pedido. o regresso aos mergulhos demorados. o regresso aos jogos de tabuleiro na rua. o regresso do pai à pesca. o regresso às fotografias tiradas em série. o regresso ao banho de rua e de alguidar. o regresso aos grelhados e às saladas. o regresso ao parque de areia. o regresso à Ilha, à (nossa) Ilha da Armona.
Este ano jogámos à macaca, jogámos futebol, encontrámos camaleões, recebemos visitas.
E depois de voltarmos ao lugar onde já fomos tão felizes, regressámos a casa.


Em Agosto de 2012 conheci a Ilha da Armona. Não me passava pela ideia ficar mais do que 4/5 dias num lugar sem muito para fazer. Assim foi: 5 dias felizes, mas 5 dias que me chegaram. Em 2012 ainda não era mãe. Em 2012, no mês de Agosto, quando cheguei à Ilha, já tinha feito análises e exames diversos porque tinha chegado a hora de ser mãe. Tínhamos decidido ser pais. Iniciámos as tentativas nesse mês. Em Agosto de 2012 engravidei, mas só o soube em Setembro. A gravidez não evoluiu, mas sou mãe de um anjo concebido em Agosto de 2012, talvez na Ilha da Armona. Esta Ilha é especial. 
Em Agosto de 2016 regressei à Ilha com o meu filho a pedir colo e carrinho, a fazer o desfralde, para uma estadia de 15 dias. 
Em Agosto de 2017 regressei à Ilha com o meu filho a andar de trotinete, ainda a querer colo, principalmente nas grandes caminhadas, para uma estadia de 15 dias. 
Em Agosto de 2018 regressei à Ilha, com o meu filho a andar de bicicleta, a escolher a sua roupa, a selecionar os brinquedos para as férias, ainda a pedir colo ou cavalitas, para uma estadia de 15 dias. 
Nunca mais me chegaram os 5 dias da primeira estadia. Ser mãe muda-nos, as necessidades mudam: sinto necessidade deste isolamento por 15 dias e não me passa pela ideia uma estadia inferior. 
É sempre bom regressar à Ilha e custa-me cada vez menos regressar a casa, porque volto a casa com a promessa de lá voltar. É a nossa tradição de Verão.
A criar memórias de família na Armona desde 2012.