sexta-feira, 7 de abril de 2017

À conversa com o meu filho #13 - Eles que se entendam

No parque perto da nossa casa, ele costuma brincar com uma menina. Ontem, ela fez uma birra porque queria o carro que ele tinha. Ele ouviu-a chorar, olhou-a de soslaio, mas não cedeu.
O pai da menina a intervir por um lado: filha tens de saber esperar, o teu amigo agora está a brincar, tens de ter paciência. Eu a intervir por outro: filho estás com esse carro há algum tempo, a tua amiga está chateada, possivelmente cansada, é importante partilhar, emprestas o carro à tua amiga? Ele "emprestou", mas salientou que, depois, ela teria que o devolver - o carro não é de nenhum deles, é do parque.
O pai da menina pediu-lhe para agradecer, ela não agradeceu. O pai da menina disse-lhe que ela era feia... O miúdo encheu o peito de ar, virou-se para o senhor com um ar muito prepotente e disse-lhe: Ela não é feia, feio és tu. Baixei ligeiramente a cabeça e disse baixinho: eles que se entendam!

Estão chateados um com o outro, uma pessoa vai cheia de boa vontade promover um pacto de paz, quando chama a atenção de um deles o outro revolta-se.
É preciso saber em que situações se deve intervir, é preciso saber (só) observar, é preciso deixar que eles resolvam os seus conflitos, é preciso deixá-los crescer e aceitar que se vai ser (apenas) espectador em muitas situações... Algumas nem isso.

De acordo com os relatos efetuados milhares de vezes pela minha mãe (repetir a mesma história 1000 vezes é algo intrínseco às mães), eu e a minha irmã fizemos isto muitas vezes. Uma coisa sou eu chatear a catraia, outra, totalmente diferente, é aparecer alguém a querer fazer o mesmo. Cada um com a sua função, para desatinar com ela estou cá eu... E vice versa. O miúdo deve ter seguido a mesma lógica.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Deixa aqui o teu comentário ou sugestão.