sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Frase para o (meu) mês de Agosto: deixem-me da mão, calem-se todos, que eu quero ser mãe só por intuição

Deixem-me ser mãe só por intuição. Deixem-me despir as teorias que eu própria vesti, convencida de que me assentam bem. Deixem de me gritar as (pseudo) teorias em dialectos que não compreendo, talvez eu não tenha grande vocação para a interpretação. Deixem de publicitar boas práticas embrulhadas em palavras caras, porque o meu orçamento não me permite adquiri-las. Deixem-me deitar fora os meus preconceitos, não os vou dar a ninguém já que a ninguém fazem falta. Deixem-me da mão. Deixem-me ser mãe só por intuição.

É difícil contrariar o que me é natural desde sempre, contrariar a minha experiência de vida, contrariar tudo o que vivi e tudo o que fez de mim o que sou. Mas cheguei à conclusão que também não é fácil navegar contra a minha essência. E que esta até pode ter aspetos razoáveis. Nesta coisa que é a prática quotidiana da maternidade é impossível fazer tudo certo, já o sei há muito. Sempre o soube. Mas há momentos em que as coisas menos certas se sucedem, como um extenso comboio que passa à nossa frente, que nos impede de passar para o outro lado da linha, com uma locomotiva seguida de uma carruagem, e de outra, e de outra, com aquela música de fundo a toda a velocidade, sem hipótese de parar, só com o destino como alvo. Até que, de repente, ouves aquele apito sonoro e imponente, os teus alarmes internos disparam, arregalas os olhos e fixas o olhar no outro lado da linha, mesmo com o comboio a passar a todo o vapor. Porque sabes e porque sentes que é para ali que deves ir: para o outro lado da linha. Assim sendo, às vezes fazes tudo errado, mas consciente do que (para ti) é certo. Então, começas a caminhar no sentido inverso ao do comboio, desvias-te dos maus caminhos que se apresentam e voltas ao teu lado da linha, ao lugar certo (para ti). Foi a tua essência que to disse. E aos alarmes internos que disparam e que te repreendem chamas de "minha intuição". E se assim o é, deixem-me da mão, calem-se todos, que eu quero ser mãe só por intuição. E aquela frase de que "não andamos aqui só a ver passar os comboios" faz todo o sentido. Apanhamos os que nos levam a destinos desejados e ignoramos os demais.


Imagem retirada da Internet: fonte desconhecida

Há teorias interessantes, há exemplos inspiradores, há relatos motivadores. Mas também há teorias extenuantes, rebuscadas, desinteressantes. E eu estou numa fase em que já não consigo aceitar, nem sequer ouvir, tudo o que têm para me dizer. O que eu preciso é de me ouvir mais, já que denoto um conflito entre o que a atribulação dos dias e vivências passadas me levam a fazer e o que eu quero fazer; entre o que sou e o que fizeram que eu seja (consciente de que a essência que me calhou não é feita apenas de virtudes nem herdei só defeitos). Para isto preciso de silêncio. É só isto.

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