sábado, 30 de maio de 2015

A brincar é que a gente (pequena) se entende #1 - A vida no parque

Filho, temos uma rotina daquelas boas que é, quase sempre, o melhor do meu dia. Sempre que posso, e isso são 2 a 3 vezes por semana (dias úteis), vou buscar-te ao final da tarde, vamos ao parque e ficamos por lá cerca de 1 hora. Levamos o balde, a pá, o ancinho e o regador que são utilizados por ti e por outras crianças. Até parece que se estabeleceu um pacto silencioso de partilha. Para além das brincadeiras na areia, sobes e desces escorregas, desatinas com quem te tira as coisas das mãos, sobes para o comboio que está no parque, apontas para as árvores, chamas os passarinhos e nunca te queres vir embora.
Numa destas idas ao parque tentei ser mais espetadora do que o habitual. Duas miúdas bem mais velhas do que tu tentaram pegar-te ao colo, tentaram fazer de ti um verdadeiro boneco, apesar de demonstrares ter vontade própria. Agarraram-te e disseram várias vezes "tão fofinho". Olhavam para mim como que a pedir autorização, eu assentia e elas brincavam e divertiam-se contigo. Fizeram montes de areia cobertos de flores para ti, ajudaram-te a encher o balde de areia, pegaram em ti para desceres o escorrega, pegaram-te ao colo e, no final, perguntaram quando voltávamos ao parque. Não temos dia certo, mas somos quase residentes deste parque, pensei. Disse-lhes que voltávamos na sexta-feira.
De um lado estava o avô do menino dos olhos azuis, pouco mais velho do que tu. Do outro, um não residente com farda militar a explicar à filha como fazer o salto em comprimento. Mais à frente a mãe daquele menino que é bem mais crescido do que tu e que teima em tirar os brinquedos das mãos dos mais pequeninos, a caminhar na sua direção e a pedir-lhe que não o fizesse. Isto é mesmo assim, às vezes, temos de vos dizer a mesma coisa muitas vezes até interiorizarem a mensagem que queremos passar.
O parque tem muita vida, cruzamo-nos muitas vezes com as mesmas mães/os mesmos pais e filhos, aprendemos  muito, testemunhamos o crescimento das crianças em direto, observamos conquistas - ontem não subias as escadas hoje já sobes. Eu adoro o parque, não sei se o adorava mais quando era criança, se o adoro mais agora.


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