sexta-feira, 5 de agosto de 2016

O poder das imagens: Os pais dos 3 Porquinhos...

O meu filho adora a história de "Os 3 Porquinhos". Todas as noites a mesma história. Às vezes, não sei se é a casa de tijolo que voa, se é o lobo mau que voa ou se é o próprio miúdo que voa com tanto sopro. Há dias em que adormeço e acabo coma história logo na construção da casa de palha. Há noites em que o porquinho que constrói a casa de tijolo é preguiçoso e os outros muito responsáveis e trabalhadores. Baralho-me. Penso que os três porquinhos precisam de férias. E eu também.  Já procurei um livro que relate a história de acordo com o que eu recordo dela. Já encontrei dezenas de versões: ora é o lobo que mete os porquinhos no saco porque os quer comer (isto é assustador, não!?); ora são os porquinhos que partem à procura de fortuna e "cravam" palha, madeira e tijolos a 3 senhores que encontram pelo caminho (capitalismo?); ora é a mãe que diz aos porquinhos que está na hora de irem à procura de casa (fiquei chocada com esta versão, é uma história típica deste século em que muitos "miúdos" vivem com os pais quase até aos 40 anos). Nenhuma história me agrada; nenhuma destas é a história da criança que há em mim.
Procuro, desesperadamente, a história verdadeira de "Os 3 porquinhos", pelo menos para mim: o lobo quer destruir a casa dos porquinhos porque é malandro, no final aprende uma grande lição; os porquinhos que não quiseram trabalhar e construíram as suas casas sem brio e sem cuidado também; no final fica tudo bem. Não há cá lobos a comer Porquinhos nem Capuchinhos Vermelhos - se bem que neste caso, na história que tantas vezes ouvi, o lobo acaba de barriga aberta para a avó do Capuchinho Vermelho saltar cá para fora; lamento, nesta situação não é a versão que me é familiar que conto ao miúdo. Chamem-me incoerente. Talvez um dia...
O pai descobriu um vídeo que coincide com a história que me é familiar. Já o vimos centenas de vezes. E foi neste vídeo, uma animação para crianças, que descobri a seguinte imagem (minuto 8:05). Observem com tento as clássicas molduras que o porquinho mais velho tem na parede da sua casa. A mãe é retratada deitada, amamentando os porquinhos bebés. Já o pai...


O que é que passou pela cabeça de quem fez esta animação? A sorte é que o miúdo não sabe Inglês (na verdade ele não sabe ler, nem em Inglês nem em Português). Então, o pai dos porquinhos virou chouriço!? É esta a imagem que os porquinhos têm do pai? Não tenho palavras para isto. O lobo mau querer destruir a casa dos porquinhos, comparado com isto, não é nada.
Andamos a reclamar a igualdade de direitos, acho muito bem que o façamos (sou pela igualdade, não apenas de géneros). Perdemos demasiado tempo com a discussão em torno da denominação que damos a determinados cartões (para mim é exagero). E sobre isto "ninguém" fala. Fico chateada, claro que fico chateada.

Na Unidade Curricular que ficou por fazer, aquela em que reuni uma única vez com a professora, fiquei a saber que um dos conteúdos foi precisamente a análise de imagens: a influência que estas podem ter (na infância e não só); como são utilizadas na publicidade; como são utilizadas nos manuais escolares; nas mensagens explícitas e implícitas que transmitem; como podem ser manipuladoras. É um tema muito, muito interessante. Eu, que sou das pessoas mais despistadas que conheço, vou esforçar-me para ficar mais atenta a determinadas imagens. Não vou censurar tudo o que vejo (o miúdo vai ver e fazer muita coisa que não controlarei, já sei), mas quero ser mais atenta e mais crítica relativamente ao que vejo/ao que leio. 

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