Lembro-me de não comprar um único livro sobre gravidez e parentalidade durante a gravidez. Li 2 ou 3 revistas que encontrei nas salas de espera dos consultórios de Obstetrícia. Acompanhei a gravidez semana a semana (o desenvolvimento do bebé) através de um site e através das minhas consultas e ecografias. Li algumas publicações em alguns sites. Ouvi as instruções/orientações da minha médica com muita atenção. Fiz todos todos os exames e análises. Enchi-me de vitaminas.
Pensei que seria sempre assim, que leria algumas coisas relacionadas com a maternidade esporádicas, sem demasiada informação. Acabei por sentir necessidade de comprar 3 livros já depois de o meu filho nascer, em momentos em que achei que me estava a desviar do que eu queria ser/fazer como mãe: por incapacidade, por dúvida, por cansaço ou por inexperiência, o que fosse. Procurei relatos e inspirações de amor, de decisões assertivas, de controlo, de compreensão para com o outro, de respeito. Não concordo com tudo o que está escrito e não leio os livros do início ao fim sem interrupções. Vou lendo à medida das necessidades e das vontades, vou retirando e interiorizando o que me faz falta e o conteúdo com que me identifico, vou procurando pontos comuns, identificando erros que cometo, procurando melhorar.
Não tenho por hábito ler conteúdos como se de um manual de instruções se tratassem, porque o meu miúdo é único :), e não é suposto que ninguém o conheça como eu, como o pai, como quem o ama e como quem está na vida dele e com ele diariamente. No entanto encontro-lhe características iguais às de outras crianças. Não tenho a pretensão de que a intuição me é suficiente, apesar de confiar cada vez mais nela. Procuro interpretá-la melhor. Aos meus olhos, sem fazer disso um grande drama, ainda erro muito ou controlo-me pouco. Assim, considero que ler experiências, relatos ou estudos de quem contactou com mais histórias do que eu, é uma mais valia. Respeitando-me sempre.
Lembro-me de achar que a gravidez seria um verdadeiro estado de graça e de, na prática, sentir que aquilo era tudo menos o conto de fadas com que sonhara. Superei o facto de desejar não estar grávida, porque vomitava tudo o que comia e bebia (e até o que não comia) e porque me senti muito mal durante muitos meses. Demasiados. Consegui aproveitar a minha gravidez quando parei de vomitar, consegui ser mais feliz nos 2 meses que antecederam o nascimento do meu filho, consegui recebê-lo com amor e sem mágoas por me terem roubado a gravidez idealizada.
Ainda durante a gravidez, lembro-me de enfrentar monstros que tentaram abater a felicidade de uma pessoa minha, só consegui vencê-los muito mais tarde... não há muito tempo. Pensava que nada nem ninguém conseguia abafar a luz de uma gravidez. Enganei-me.
A verdade é que o defraude das minhas expectativas acerca da maternidade começou na gravidez... não nesta, começou na minha primeira gravidez, quando recebi a notícia de que a mesma não evoluíra.
Lembro-me de pensar na pele de seda que o meu bebé teria e do cheiro que sentiria quando o encostasse ao meu peito. O meu filho teve crosta láctea, teve dermatite seborreica até às orelhas, bolsava pelo simples facto de respirar (exagero meu). A ideia da pele de seda não passou disso: tive um filho com a pele sempre carregada de óleo e de produtos com cheiros pouco apelativos, com uma "carapaça de tartaruga" no alto da cabeça. Mas beijei as suas bochechas macias milhares de vezes, tal como tinha imaginado. Ainda hoje o faço.
Lembro-me de não pensar muito nas noites. Mas confesso que nunca pensei resistir tanto - eu era das que adormecia na discoteca. E depois, não pensei que a resistência tivesse prazo de validade. Acho que terminou.
Lembro-me de querer amamentar, mas não me lembro de ser uma defensora acérrima da amamentação. E também não pensei que me custasse tanto, apesar do quadro menos cor de rosa que já me tinham pintado. Como em tudo na vida: podia correr bem, podia correr mal ou podia haver ali um intermédio - acho que foi o meu caso.
Lembro-me de querer ficar em casa com o meu filho até aos 2/3 anos. Com muita pena, aos 13 meses comecei a trabalhar a tempo inteiro.
Lembro-me de imaginar como ele seria, como seria a o primeiro sorriso, a primeira papa, o primeiro passo, a primeira ida à praia e ao parque, o primeiro dia de escola. Imaginei-o. Imaginei-me no papel de mãe dele. Mas nunca imaginei este amor; esta admiração e agradecimento por cada experiência que vivemos com ele, por cada centímetro que ele cresce e por cada centímetro que nos faz crescer. Sinto-me gigante!
Lembro-me de não pensar muito no tipo de mãe que seria, achava que só aprenderia com e na prática. Já percebi que por mais prática que tenha haverá sempre muita coisa para aprender.
Pensei que seria sempre assim, que leria algumas coisas relacionadas com a maternidade esporádicas, sem demasiada informação. Acabei por sentir necessidade de comprar 3 livros já depois de o meu filho nascer, em momentos em que achei que me estava a desviar do que eu queria ser/fazer como mãe: por incapacidade, por dúvida, por cansaço ou por inexperiência, o que fosse. Procurei relatos e inspirações de amor, de decisões assertivas, de controlo, de compreensão para com o outro, de respeito. Não concordo com tudo o que está escrito e não leio os livros do início ao fim sem interrupções. Vou lendo à medida das necessidades e das vontades, vou retirando e interiorizando o que me faz falta e o conteúdo com que me identifico, vou procurando pontos comuns, identificando erros que cometo, procurando melhorar.
Não tenho por hábito ler conteúdos como se de um manual de instruções se tratassem, porque o meu miúdo é único :), e não é suposto que ninguém o conheça como eu, como o pai, como quem o ama e como quem está na vida dele e com ele diariamente. No entanto encontro-lhe características iguais às de outras crianças. Não tenho a pretensão de que a intuição me é suficiente, apesar de confiar cada vez mais nela. Procuro interpretá-la melhor. Aos meus olhos, sem fazer disso um grande drama, ainda erro muito ou controlo-me pouco. Assim, considero que ler experiências, relatos ou estudos de quem contactou com mais histórias do que eu, é uma mais valia. Respeitando-me sempre.
Lembro-me de achar que a gravidez seria um verdadeiro estado de graça e de, na prática, sentir que aquilo era tudo menos o conto de fadas com que sonhara. Superei o facto de desejar não estar grávida, porque vomitava tudo o que comia e bebia (e até o que não comia) e porque me senti muito mal durante muitos meses. Demasiados. Consegui aproveitar a minha gravidez quando parei de vomitar, consegui ser mais feliz nos 2 meses que antecederam o nascimento do meu filho, consegui recebê-lo com amor e sem mágoas por me terem roubado a gravidez idealizada.
Ainda durante a gravidez, lembro-me de enfrentar monstros que tentaram abater a felicidade de uma pessoa minha, só consegui vencê-los muito mais tarde... não há muito tempo. Pensava que nada nem ninguém conseguia abafar a luz de uma gravidez. Enganei-me.
A verdade é que o defraude das minhas expectativas acerca da maternidade começou na gravidez... não nesta, começou na minha primeira gravidez, quando recebi a notícia de que a mesma não evoluíra.
Lembro-me de pensar na pele de seda que o meu bebé teria e do cheiro que sentiria quando o encostasse ao meu peito. O meu filho teve crosta láctea, teve dermatite seborreica até às orelhas, bolsava pelo simples facto de respirar (exagero meu). A ideia da pele de seda não passou disso: tive um filho com a pele sempre carregada de óleo e de produtos com cheiros pouco apelativos, com uma "carapaça de tartaruga" no alto da cabeça. Mas beijei as suas bochechas macias milhares de vezes, tal como tinha imaginado. Ainda hoje o faço.
Lembro-me de não pensar muito nas noites. Mas confesso que nunca pensei resistir tanto - eu era das que adormecia na discoteca. E depois, não pensei que a resistência tivesse prazo de validade. Acho que terminou.
Lembro-me de querer amamentar, mas não me lembro de ser uma defensora acérrima da amamentação. E também não pensei que me custasse tanto, apesar do quadro menos cor de rosa que já me tinham pintado. Como em tudo na vida: podia correr bem, podia correr mal ou podia haver ali um intermédio - acho que foi o meu caso.
Lembro-me de querer ficar em casa com o meu filho até aos 2/3 anos. Com muita pena, aos 13 meses comecei a trabalhar a tempo inteiro.
Lembro-me de imaginar como ele seria, como seria a o primeiro sorriso, a primeira papa, o primeiro passo, a primeira ida à praia e ao parque, o primeiro dia de escola. Imaginei-o. Imaginei-me no papel de mãe dele. Mas nunca imaginei este amor; esta admiração e agradecimento por cada experiência que vivemos com ele, por cada centímetro que ele cresce e por cada centímetro que nos faz crescer. Sinto-me gigante!
Lembro-me de não pensar muito no tipo de mãe que seria, achava que só aprenderia com e na prática. Já percebi que por mais prática que tenha haverá sempre muita coisa para aprender.
Acho que não tive expetativas em demasia, tive algumas. A gravidez foi, sem qualquer dúvida, a mais defraudada.
Há uns 2 anos julguei que podia estar grávida; era pouco provável, mas pensei que podia ter acontecido. Coincidiu com a visita de uma intoxicação alimentar e eu fartei-me de vomitar, num fim de semana que era suposto ser de passeio, não conseguia estar de pé. Lembro-me de pensar que não queria estar grávida, que não queria passar por aquilo novamente durante tantos meses, que não ia aguentar, que tinha um filho que precisava da minha atenção... Afinal não estava grávida... Fiquei triste com o teste negativo, apesar de não me sentir preparada. Continuei na dança da indecisão relativamente a uma nova gravidez durante algum tempo, sempre com medo da gravidez. Habituei-me à ideia de ter um filho.
Há uns 2 anos julguei que podia estar grávida; era pouco provável, mas pensei que podia ter acontecido. Coincidiu com a visita de uma intoxicação alimentar e eu fartei-me de vomitar, num fim de semana que era suposto ser de passeio, não conseguia estar de pé. Lembro-me de pensar que não queria estar grávida, que não queria passar por aquilo novamente durante tantos meses, que não ia aguentar, que tinha um filho que precisava da minha atenção... Afinal não estava grávida... Fiquei triste com o teste negativo, apesar de não me sentir preparada. Continuei na dança da indecisão relativamente a uma nova gravidez durante algum tempo, sempre com medo da gravidez. Habituei-me à ideia de ter um filho.
No dia a dia da maternidade, por vezes, atropelo ideias que defendo e tenho
consciência de que as adversidades ditam muitas das nossas atitudes e defraudam muitas expetativas. É
mais fácil acertar quando há apoio, quando temos tempo, quando somos
dois ou mais a cuidar. Quando comecei a passar mais tempo sozinha com o Rapazinho Pirata Ladrão do meu coração, comecei a perder a paciência mais vezes, a gerir mal as birras, a errar mais. A experimentar mais frequentemente a sensação de frustração por não fazer as coisas como queria.
Criei a expectativa de que os dias devem fluir naturalmente para o equilíbrio e para a plenitude. Que o som do final do dia deve ir cessando até adormecermos. Que a hora de apagar a luz do nosso lar se deve equiparar ao pôr do sol. Que os últimos passos do dia devem ser como o retorno à calma depois de uma dança ritmada. Depressa percebi que tenho de ser eu a dar o primeiro passo para que isto aconteça. Estou a aprender a descontrair quando as coisas não fluem com a tranquilidade desejada à hora (por mim) marcada.
Mais impaciência da minha parte, uma voz mais agressiva e apressada, a incapacidade de dialogar em determinadas circunstâncias e de antever conflitos pode estragar-nos o dia.
Aprendi a identificar os sintomas dos picos de cansaço (os meus e os dele), tento prevê-los e, consequentemente, evitar que ocorram. Às vezes sinto-me defraudada, mas a verdade é que já aprendi muito.
E se imaginei que ser mãe seria uma coisa maravilhosa, ser mãe deste filho superou todas as expetativas. Agradeço (muito) por isso.
Criei a expectativa de que os dias devem fluir naturalmente para o equilíbrio e para a plenitude. Que o som do final do dia deve ir cessando até adormecermos. Que a hora de apagar a luz do nosso lar se deve equiparar ao pôr do sol. Que os últimos passos do dia devem ser como o retorno à calma depois de uma dança ritmada. Depressa percebi que tenho de ser eu a dar o primeiro passo para que isto aconteça. Estou a aprender a descontrair quando as coisas não fluem com a tranquilidade desejada à hora (por mim) marcada.
Mais impaciência da minha parte, uma voz mais agressiva e apressada, a incapacidade de dialogar em determinadas circunstâncias e de antever conflitos pode estragar-nos o dia.
Aprendi a identificar os sintomas dos picos de cansaço (os meus e os dele), tento prevê-los e, consequentemente, evitar que ocorram. Às vezes sinto-me defraudada, mas a verdade é que já aprendi muito.
E se imaginei que ser mãe seria uma coisa maravilhosa, ser mãe deste filho superou todas as expetativas. Agradeço (muito) por isso.
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