sexta-feira, 29 de março de 2019

À conversa com o meu filho # 22 - Especial Dia do Pai

- Mãe, gosto tanto de ti, vou adorar-te para sempre. Até seres velhinha. E quando morreres também...(pronunciou esta frase com uma voz trémula).

- Porque estás a falar assim, filho?

- Porque não quero que morras. Vais morrer, mãe?

- Morrerei um dia, quando for muito velhinha e quando tu fores muito velhinho.

- Prometes?

- Acredito mesmo que é isto que vai acontecer. Vou fazer tudo o que puder para que assim seja.
(Tramou-me com o "Prometes?". Eu, a pessoa que perante a sugestão de casar no dia do Batismo do miúdo, utilizou o argumento de não conseguir fazer promessas que não sabe se vai cumprir (entre outros argumentos). Coitado do Sr. Padre... Hoje compreendo a promessa que se faz no dia do casamento como uma intenção pura, intensa e sincera do momento, como uma intenção sentida e projetada no presente e no futuro, no entanto continuo com dificuldade em pronunciá-la. Não a encaro como uma verdade absoluta... pensando bem, é precisamente o contrário: encaro uma promessa como uma verdade absoluta, daí a minha dificuldade - sou tão vazia de verdades absolutas).

- Já não quero crescer, nem ficar velhinho... Já sei mãe, vou ser futebolista e construtor. Vou construir uma casa forte, com um círculo de plástico forte. Não é bem um círculo, é mais grosso... é um cilindro! Um cilindro dobrado. Uma casa especial, onde meto as pessoas "morridas". Tu não morres, vais para esta casa! O pai também. E o teu pai também. Queres, mãe?
(Filho, será essa casa, o coração?)

- Quero. Gosto tanto das coisas que tu inventas, filho. És o meu inventor preferido.

Diálogo especial no dia do Pai, 19 de Março de 2019: o dia em que o meu filho me disse que nunca morrerei; o dia em que o meu filho trouxe um bocadinho de ti até mim, pai. 

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