quarta-feira, 19 de agosto de 2015

A brincar é que a gente (pequena) se entende #5 - Caça ao tesouro/Descobrir o jardim

SENTIDO DE ORIENTAÇÃO: QUANDO ELE QUER IR PARA UM LADO E EU PARA OUTRO
Vou muitas vezes ao parque com o catraio. Já o escrevi antes. 
Anteontem fui buscá-lo já com o parque infantil marcado no GPS (no meu). Chegámos ao Jardim, perguntei-lhe de que lado fica o portão do parque, deixei-o guiar-me, deixei-o correr à minha frente. Ignorou a minha questão, fez pisca e virou para o lado contrário. O coreto chamou por ele e ele, ignorando as minhas vontades, foi atrás dele. Quis subir as escadas do coreto, abrir as portas do coreto, correr à volta dele. Eu, de vez em quando, lá lhe perguntava se queria ir ao parque, mas ele ignorava-me. A dada altura perguntou-me pela porta de entrada, baralhou-se com o facto de andar à volta daquele palco. Eu respondi que tinha de tentar encontrá-la (vamos lá procurá-la, disse-lhe). Lá a encontrou, lá subiu e desceu as escadas várias vezes. Juntaram-se a ele duas meninas que fingiram estar num concerto. Ele lá correu, imitando-as e rindo. Rindo à gargalhada. Agora é isto, infiltra-se nas brincadeiras de miúdos mais crescidos, imita-os e ri como se eles estivessem a fazer ou a dizer alguma coisa com muita piada.
Saímos do coreto. Eu, com muita confiança de que iríamos para o parque, ele com vontade de correr. Correu em direção ao lago, depois em direção ao bebedouro, sentou-se no degrau, subiu para o banco de pedra. Só depois é que fomos para o parque porque, confesso, o peguei ao colo. 
Gosto que ele tenha opção de escolha, que experimente brincadeiras novas, que explore o meio em que estamos, que experimente alternativas, que não seja sempre orientado/ou guiado por nós. Só tenho de aprender a aceitar que ele tem um papel ativo no que respeita a decidir para onde vamos. Talvez eu quisesse mesmo ir ao parque, andar de baloiço, descer o escorrega, correr e cair. Mas, se essa era a minha vontade, tinha ido ao parque sozinha... Eu não digo que gosto mais do parque agora do que quando era pequena!?

Andar ou correr no jardim, andar à procura de um determinado sítio que está no jardim (o parque, a igreja, o coreto, o café, por exemplo), fazer uma corrida, perguntar-lhe para que lado fica isto ou aquilo e dar-lhe oportunidade de descobri-lo são formas de ele desenvolver o sentido de orientação. É que se for genético, a avaliar pelo meu (ou a falta dele), é bom começar a treiná-lo já.

Imagem retirada da Internet: fonte desconhecida

SUGESTÃO DE ATIVIDADE:
Com crianças mais velhas, podemos imprimir um mapa do jardim/sítio em questão (retiramos da Internet, do Google Earth, por exemplo). Assinalamos um percurso com um marcador de cor forte, com o ponto de partida e com o ponto de chegada assinalados com um círculo. Dependendo da idade, podemos pedir para ser a criança a identificar, no local, o ponto de partida que assinalámos no mapa. Convém que existam marcos do espaço bem visíveis, tais como, o lago, o parque infantil, etc.
Para além do percurso que têm de fazer, podemos dar instruções de desafios adaptados à idade em determinados pontos - "apanha três folhas do chão e guarda-as no saco que te entregaram no início do jogo", para crianças que comecem a ter a noção do que o número representa, por exemplo.
O percurso pode ser feito com dois grupos, com dois percursos diferentes, mas semelhantes em dimensão e em número e dificuldade dos desafios, de maneira a ver qual é o grupo que chega em primeiro lugar ao ponto de chegada. Ou não, depende da idade dos elementos de cada grupo.
Podemos aumentar o grau de dificuldade, deixando pistas em alguns pontos assinalados no mapa (por exemplo, segue em frente, vira à direita, descobre os paus de giz que estão perto do banco de madeira verde/faz um desenho no chão).
Podemos criar uma história em torno desta brincadeira. A imaginação de cada um é o limite e a idade e o desenvolvimento da(s) criança(s) também.
No ponto de chegada preparamos uma surpresa (um lanche para se fazer um pic-nic, um presente, um bilhete para ir ao cinema, uma ida à praia, etc.). Podemos chamar-lhe caça ao tesouro. É simples de preparar, toda a família pode participar e divertir-se.
Deixamos as crianças fazer a leitura do percurso assinalado no mapa, deixamos que se enganem, que recomecem, se for necessário. O importante é que se divirtam e que aproveitem os dias grandes para brincar na rua.

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