terça-feira, 25 de agosto de 2015

De todo o amor que tu tens (Maria), metade foi ele que te deu

Durante o fim de semana passado, cada vez que o meu bebé chamava pelo pai, eu lembrava-me da Maria. Quando eles foram andar de bicicleta, eu lembrei-me da Maria. Quando riram à gargalhada, eu lembrei-me da Maria. Quando nos deitámos os três na cama a fazer cócegas uns aos outros e a brincar ao esconde-esconde, eu lembrei-me da Maria. Quando fomos passear os três, eu lembrei-me da Maria. É que a pequena Maria perdeu de forma trágica o seu melhor amigo. O pai. Um pai louco por ela que já deixa saudades. 
Eu sinto que é injusto que a Maria, tendo um pai tão louco por ela como ele, não possa olhar para ele procurando incentivo quando tiver medo de avançar. Que não possa correr para os braços dele depois de um dia de escola. Que não possa adormecer no ombro dele quando o sono demorar a chegar. Que não possa gritar pelo pai quando algum monstro lhe aparecer em pesadelo. Que não tenha oportunidade de descobrir que, afinal, ele é que é o Pai Natal. Que não mergulhe no mar sob o olhar atento dele. Que não possa chorar ao colo dele quando alguém a magoar. Que não sopre as velas dos bolos de aniversário com o sorriso dele orgulhoso dela. Que não cresça ao mesmo tempo que ele envelhece. Que não possa ouvir da boca dele o quanto ele a ama.
É triste, é injusto e eu não tenho palavras para descrever isto. Não posso dizer que era amiga próxima do pai da Maria, mas conhecia-o e lamento. Muito. A opinião acerca da pessoa que ele era é unânime: ele era um miúdo excecional, bom pai, bom filho, bom marido, bom irmão, bom familiar, bom amigo. Deixa saudades e um vazio imenso e indescritível. Era uma grande pessoa.
Ele não vai ver como a Maria vai superar os obstáculos da vida, mas ela vai vencê-los. Não vai ver como ela vai fintar a tristeza quanto esta teimar em cumprimentá-la, mas ela será uma menina feliz cheia de luz. Não vai ver como será a sua infância e a sua adolescência, mas ela será uma bela mulher, com boa índole e com um percurso de vida cheio de felicidade. Estas são algumas das coisas que eu desejo para a pequena Maria.

Acredito que como diz Maria Gadú na sua "Dona Cila":

"De todo o amor que tu tens (Maria)
Metade foi ele que te deu
Salvando a tua alma da vida
Sorrindo e fazendo o teu eu

Se ele quis (talvez ele não quisesse) partir e ir embora
Olhará para ti (Maria) de onde estiver..."

Adaptado e dedicado à Maria. Felicidades pequena Maria! Até sempre pai da Maria!

Sem comentários:

Enviar um comentário

Deixa aqui o teu comentário ou sugestão.