O meu amor pequenino vai para o Jardim de Infância (JI) na próxima semana.
Eu tinha tantas certezas acerca do que queria e do que não queria. Procurei o que mais se adequa às ideias que defendo e ao que posso pagar. Procurei um lugar que o faça sentir bem. Procurei pessoas que o tratem bem. Procurei um lugar que promova o ser criança nos tempos de criança. Encontrei um: distante da nossa casa, com a mensalidade no limite do que podemos pagar, com horário no limite do que podemos praticar, com um método pedagógico com que me identifico, com espaços amplos e iluminados, com espaço exterior. Inscrevi-o para reservar a vaga. Apesar de ir ver mais um espaço, já tinha decidido que era aquele que ele frequentaria a partir de Setembro. Aquela seria a sua primeira escola.
A vida não é uma linha direita, muito menos estática e nas curvas e contracurvas inesperadas sem sinal de aviso de perigo, a situação profissional do pai mudou. Não estamos a passar por dificuldades financeiras, desconfiamos até que vai correr tudo bem, mas os próximos meses (talvez o próximo ano) serão de moderação. Manter a opção inicial do JI seria arriscado (quase impossível). Tenho a sensação de que andaria numa corda, daquelas que fazem a travessia entre dois arranha-céus, em constante equilíbrio, com risco elevado de me estatelar lá em baixo. O dilema: e agora?
Voltar atrás na minha decisão não foi fácil. Trouxe discussões. Os argumentos de ser longe e de ser cansativo, para mim, só contemplavam o nosso bem estar, não o dele. Só o fator financeiro é que me levou (obrigou) a rever a decisão. E a alterá-la. Vamos pagar menos de metade da mensalidade. Nesta fase faz toda a diferença.
Afinal, ele frequentará uma IPSS (Instituição Particular de Solidariedade Social) próxima do meu trabalho. Gostei da educadora, mas não gostei do espaço. Ou melhor, não gostei do facto de não ter, por enquanto, um espaço exterior. A Instituição já iniciou a obra do que será o espaço exterior, mas não se sabe para quando a sua conclusão. Eu queria encontrar um lugar igual ao primeiro com uma mensalidade inferior. Isso é impossível, não há escolas iguais. A parte boa é que o JI é em frente ao parque infantil que costumamos frequentar, as crianças vão algumas vezes ao parque e eu, tal como já faço, posso ir buscá-lo e ficar no parque sem fazer qualquer desvio. Lentamente libertei-me da obsessão do primeiro Jardim de Infância, encontrei pontos favoráveis no segundo, habituei-me à ideia, comecei a sentir segurança na decisão (no início foi terrível).
Algumas reflexões acerca das duas hipóteses:
- O JI que ele frequentará é próximo da nossa residência. Muito perto do meu trabalho. Posso ir levá-lo e buscá-lo a pé se for necessário. A Ama pode ir buscá-lo se for necessário, se quisermos e se ela puder. Não queria que ele deixasse de ter contacto com a Ama, queria continuidade em detrimento de uma mudança brusca. No outro JI, longe da nossa residência, era muito complicado promover/manter uma transição progressiva e esse contacto.
- Vai conviver com crianças que, certamente, irão com ele para a Escola Pública. Algumas crianças nossas conhecidas e amigos do "nosso" parque frequentam o JI que ele frequentará. Confesso que equacionei (ainda equaciono, muitas vezes) colocá-lo numa Escola privada durante o JI e o 1.º ciclo do ensino básico, mas as mensalidades são elevadas. Se equacionar ter mais filhos, será difícil manter esta intenção, pelo menos com base na situação atual. É claro que as coisas podem mudar. Eu até sou pessoa de viver o presente sem supostas condicionantes futuras (quando é comigo, claro), mas uma das coisas que me preocupa (preocupa q.b.; sei que, por vezes, as crianças adaptam-se com muita facilidade às mudanças) é não poder promover uma mudança progressiva: frequentar dois anos uma escola, mudá-lo para outra numa zona diferente, com cuidadores e colegas diferentes, com métodos pedagógicos distintos, por exemplo, não é o ideal. Na minha opinião, claro.
- A sala do JI que o receberá tem 15 crianças em vez das 21 do primeiro. Terá também uma Educadora e uma Auxiliar, mas para um número de crianças menor. Prefiro.
- No primeiro espaço só tínhamos reunido com a Psicóloga, só conheceríamos a Educadora no primeiro dia de JI. Neste, a reunião foi com a educadora. Ela perguntou-nos o que esperávamos do JI. A primeira resposta foi: Afeto, atenção e brincadeira. Só depois completei com a socialização, com a segurança, com a aprendizagem... Na verdade, eu quero o que todos querem: um sítio em que ele seja feliz. Temo o período de adaptação, confesso. Vou ter uma semana de férias para o acompanhar. Parece um desperdício, uma semana para ficar em casa, mas acho que é fundamental. Tendo esta possibilidade, vou aproveitá-la.
- Neste JI trabalham por projetos. Fiquei com dúvidas se os projetos partem de sugestões da educadora ou de interesses que as crianças revelam. Esta última opção, para mim, é a mais acertada.
Confesso que quando vi uma planificação semanal do primeiro JI, fiquei com algum receio: muitos espaços preenchidos com atividades pré-definidas e poucos retângulos com a opção "brincadeira livre", no entanto o método pedagógico é baseado no Movimento da Escola Moderna, o que me agrada.
- No primeiro JI, em algumas salas, as crianças dormem a sesta entre 1 hora a 1 hora e meia. Neste, todos dormem a sesta duas horas e meia. Não concordo. E as crianças que não têm necessidade de dormir tanto? Ficam deitadas a olhar para o teto?
- O primeiro tem psicóloga permanentemente. Do grupo do JI que o acolherá, faz parte um Centro de Dia, com o qual as crianças mantêm contacto estreito. Valorizo muito a promoção do respeito pelos mais velhos e pela diferença, bem como o contacto com realidades diferentes.
E é isto: um tem umas coisas que me agradam mais, outro tem outras. Às vezes ainda tenho dúvidas, mas sinto-me mais confiante. Falei com uma psicóloga com a qual trabalho, ela descansou-me: disse-me que eu saberei ler os sinais e perceber como ele se sente através do seu comportamento. Espero que sim.
Filho, meu amor pequeno e meu amor maior, vai seguro e feliz. Vai: vai descobrir mais um pouco deste mundo; vai brincar mais; vai aprender mais; vai ser mais. Vai, filho, não tenhas medo. Eu estou aqui, como sempre. Vai correr tudo bem. Eu tenho o poder de fazer acontecer o melhor para ti; tenho de o ter. Eu sou tua mãe.
Ideias sobre a escola pública e a escola privada: Ver aqui.
As primeiras dúvidas acerca da escolha do JI: Neste texto.
Eu tinha tantas certezas acerca do que queria e do que não queria. Procurei o que mais se adequa às ideias que defendo e ao que posso pagar. Procurei um lugar que o faça sentir bem. Procurei pessoas que o tratem bem. Procurei um lugar que promova o ser criança nos tempos de criança. Encontrei um: distante da nossa casa, com a mensalidade no limite do que podemos pagar, com horário no limite do que podemos praticar, com um método pedagógico com que me identifico, com espaços amplos e iluminados, com espaço exterior. Inscrevi-o para reservar a vaga. Apesar de ir ver mais um espaço, já tinha decidido que era aquele que ele frequentaria a partir de Setembro. Aquela seria a sua primeira escola.
A vida não é uma linha direita, muito menos estática e nas curvas e contracurvas inesperadas sem sinal de aviso de perigo, a situação profissional do pai mudou. Não estamos a passar por dificuldades financeiras, desconfiamos até que vai correr tudo bem, mas os próximos meses (talvez o próximo ano) serão de moderação. Manter a opção inicial do JI seria arriscado (quase impossível). Tenho a sensação de que andaria numa corda, daquelas que fazem a travessia entre dois arranha-céus, em constante equilíbrio, com risco elevado de me estatelar lá em baixo. O dilema: e agora?
Voltar atrás na minha decisão não foi fácil. Trouxe discussões. Os argumentos de ser longe e de ser cansativo, para mim, só contemplavam o nosso bem estar, não o dele. Só o fator financeiro é que me levou (obrigou) a rever a decisão. E a alterá-la. Vamos pagar menos de metade da mensalidade. Nesta fase faz toda a diferença.
Afinal, ele frequentará uma IPSS (Instituição Particular de Solidariedade Social) próxima do meu trabalho. Gostei da educadora, mas não gostei do espaço. Ou melhor, não gostei do facto de não ter, por enquanto, um espaço exterior. A Instituição já iniciou a obra do que será o espaço exterior, mas não se sabe para quando a sua conclusão. Eu queria encontrar um lugar igual ao primeiro com uma mensalidade inferior. Isso é impossível, não há escolas iguais. A parte boa é que o JI é em frente ao parque infantil que costumamos frequentar, as crianças vão algumas vezes ao parque e eu, tal como já faço, posso ir buscá-lo e ficar no parque sem fazer qualquer desvio. Lentamente libertei-me da obsessão do primeiro Jardim de Infância, encontrei pontos favoráveis no segundo, habituei-me à ideia, comecei a sentir segurança na decisão (no início foi terrível).
Algumas reflexões acerca das duas hipóteses:
- O JI que ele frequentará é próximo da nossa residência. Muito perto do meu trabalho. Posso ir levá-lo e buscá-lo a pé se for necessário. A Ama pode ir buscá-lo se for necessário, se quisermos e se ela puder. Não queria que ele deixasse de ter contacto com a Ama, queria continuidade em detrimento de uma mudança brusca. No outro JI, longe da nossa residência, era muito complicado promover/manter uma transição progressiva e esse contacto.
- Vai conviver com crianças que, certamente, irão com ele para a Escola Pública. Algumas crianças nossas conhecidas e amigos do "nosso" parque frequentam o JI que ele frequentará. Confesso que equacionei (ainda equaciono, muitas vezes) colocá-lo numa Escola privada durante o JI e o 1.º ciclo do ensino básico, mas as mensalidades são elevadas. Se equacionar ter mais filhos, será difícil manter esta intenção, pelo menos com base na situação atual. É claro que as coisas podem mudar. Eu até sou pessoa de viver o presente sem supostas condicionantes futuras (quando é comigo, claro), mas uma das coisas que me preocupa (preocupa q.b.; sei que, por vezes, as crianças adaptam-se com muita facilidade às mudanças) é não poder promover uma mudança progressiva: frequentar dois anos uma escola, mudá-lo para outra numa zona diferente, com cuidadores e colegas diferentes, com métodos pedagógicos distintos, por exemplo, não é o ideal. Na minha opinião, claro.
- A sala do JI que o receberá tem 15 crianças em vez das 21 do primeiro. Terá também uma Educadora e uma Auxiliar, mas para um número de crianças menor. Prefiro.
- No primeiro espaço só tínhamos reunido com a Psicóloga, só conheceríamos a Educadora no primeiro dia de JI. Neste, a reunião foi com a educadora. Ela perguntou-nos o que esperávamos do JI. A primeira resposta foi: Afeto, atenção e brincadeira. Só depois completei com a socialização, com a segurança, com a aprendizagem... Na verdade, eu quero o que todos querem: um sítio em que ele seja feliz. Temo o período de adaptação, confesso. Vou ter uma semana de férias para o acompanhar. Parece um desperdício, uma semana para ficar em casa, mas acho que é fundamental. Tendo esta possibilidade, vou aproveitá-la.
- Neste JI trabalham por projetos. Fiquei com dúvidas se os projetos partem de sugestões da educadora ou de interesses que as crianças revelam. Esta última opção, para mim, é a mais acertada.
Confesso que quando vi uma planificação semanal do primeiro JI, fiquei com algum receio: muitos espaços preenchidos com atividades pré-definidas e poucos retângulos com a opção "brincadeira livre", no entanto o método pedagógico é baseado no Movimento da Escola Moderna, o que me agrada.
- No primeiro JI, em algumas salas, as crianças dormem a sesta entre 1 hora a 1 hora e meia. Neste, todos dormem a sesta duas horas e meia. Não concordo. E as crianças que não têm necessidade de dormir tanto? Ficam deitadas a olhar para o teto?
- O primeiro tem psicóloga permanentemente. Do grupo do JI que o acolherá, faz parte um Centro de Dia, com o qual as crianças mantêm contacto estreito. Valorizo muito a promoção do respeito pelos mais velhos e pela diferença, bem como o contacto com realidades diferentes.
E é isto: um tem umas coisas que me agradam mais, outro tem outras. Às vezes ainda tenho dúvidas, mas sinto-me mais confiante. Falei com uma psicóloga com a qual trabalho, ela descansou-me: disse-me que eu saberei ler os sinais e perceber como ele se sente através do seu comportamento. Espero que sim.
Imagem retirada daqui.
Ideias sobre a escola pública e a escola privada: Ver aqui.
As primeiras dúvidas acerca da escolha do JI: Neste texto.
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