Filho, tens uma cama nova montada no teu quarto à espera que te decidas.
Não podemos dizer que é muito grande, apesar dos 90 cm por 200 cm contra os 60 cm por 120 cm do berço. Não podemos dizer que é alta demais. Não podemos dizer que vais sentir uma grande diferença entre o berço e a nova cama. Não podemos dizer que te vais perder no meio dos lençóis e do edredão tão grandes. Não podemos dizer que vais poder rodopiar tal ponteiro do relógio em dias em que o tempo passa muito depressa. Não podemos dizer que agora é que vais ter uma almofada do tamanho da nossa. A única novidade é que tens uma cama nova montada no teu quarto à espera que te decidas. Tudo o resto tu tens/fazes na nossa cama. Pois, e eu nem sou das que dizia "dormir na minha cama, nem pensar" porque achava que isso de não dormires na nossa cama era tão natural que nem requeria discussão. Toma lá mais uma verdade absoluta que era verde... veio um burro e comeu-a.
Deixa-me lá elucidar-te de como tudo isto aconteceu. Assim que nasceste, ainda no hospital, dormiste na minha cama, mas também dormiste no berço minúsculo temporário colocado estrategicamente ao lado da minha cama. Logo na primeira noite, depois de uma cesariana, para acalmar as supostas cólicas, a Enfermeira colocou-te em cima do meu peito. Uma sensação boa de estarmos ali, novamente só os dois, aninhados. A dificuldade chegou quando me tentei mexer, quando me quis levantar e, consequentemente, colocar-te no berço que estava ao lado da minha cama; remendada de fresco, sem capacidade para grandes manobras, lá consegui deitar-te ao meu lado, na minha cama. Acho que foi aí que tudo começou.
Em casa, nos primeiros dias, dormiste na alcofa da tua prima. Depois da 1ª consulta com a pediatra, em que esta nos disse que o bebé recém nascido dormir na cama dos pais aumenta o risco de morte súbita, apesar da vontade, nem pensei duas vezes; dormias na alcofa, no berço, ao colo, mas nem pensar que dormias na nossa cama. Não vivia a pensar na síndrome de morte súbita, mas tinha os meus medos. Acordava várias vezes para verificar se respiravas; deitava-te sempre de barriga para cima; a roupa da cama nunca ultrapassava os ombros; controlava a temperatura do quarto, não queria um quarto com uma temperatura muito elevada. Dormi de óculos e de luz acesa até completares 3 meses de vida, precisava de te ver assim que abrisse os olhos (a elevada miopia que tenho é o motivo de não ver um burro à frente, quanto mais um recém nascido), não podia perder tempo à procura dos óculos e do interruptor do candeeiro para ver se estava tudo bem. Depois, lá decidi comprar uma luz de presença e deixar os óculos em repouso (num ponto estratégico, debaixo de um dos cantos da almofada, para não os partir). Amamentei até teres 13 meses, mais coisa menos coisa, e lá para os 7/8 meses comecei a amamentar-te deitada, na nossa cama. Foi um descanso, adormecias e lá ficavas tranquilo; e eu deixei-me embalar pela nova rotina e pelo descanso que ela me proporcionava. Lá fomos adormecendo e ficando, de noite para noite, mesmo depois de a amamentação ter terminado, até agora.
A pediatra "deu-te" ordem de despejo do nosso quarto quando tinhas 6 meses. Eu, em pensamento, chamei-lhe louca. Como é que podia deixar um bebé de 6 meses sozinho num quarto situado ali mesmo ao lado? Desde então, ela pergunta sempre como é o teu sono. Ela sabe que ainda estás no nosso quarto, sempre demonstrei, inclusive, aversão à ordem de despejo aos 6 meses. O que ela não sabe é que ainda estás na nossa cama (nunca perguntou e eu nunca lhe disse), um dia conto-lhe.
Para já, para já o que te quero contar é que tens uma cama nova montada no teu quarto à espera que te decidas. Quando quiseres meu amor, estou pronta. Já sei que tu é que tens de estar pronto, não eu. Mas reforço a ideia, eu estou pronta.
Em casa, nos primeiros dias, dormiste na alcofa da tua prima. Depois da 1ª consulta com a pediatra, em que esta nos disse que o bebé recém nascido dormir na cama dos pais aumenta o risco de morte súbita, apesar da vontade, nem pensei duas vezes; dormias na alcofa, no berço, ao colo, mas nem pensar que dormias na nossa cama. Não vivia a pensar na síndrome de morte súbita, mas tinha os meus medos. Acordava várias vezes para verificar se respiravas; deitava-te sempre de barriga para cima; a roupa da cama nunca ultrapassava os ombros; controlava a temperatura do quarto, não queria um quarto com uma temperatura muito elevada. Dormi de óculos e de luz acesa até completares 3 meses de vida, precisava de te ver assim que abrisse os olhos (a elevada miopia que tenho é o motivo de não ver um burro à frente, quanto mais um recém nascido), não podia perder tempo à procura dos óculos e do interruptor do candeeiro para ver se estava tudo bem. Depois, lá decidi comprar uma luz de presença e deixar os óculos em repouso (num ponto estratégico, debaixo de um dos cantos da almofada, para não os partir). Amamentei até teres 13 meses, mais coisa menos coisa, e lá para os 7/8 meses comecei a amamentar-te deitada, na nossa cama. Foi um descanso, adormecias e lá ficavas tranquilo; e eu deixei-me embalar pela nova rotina e pelo descanso que ela me proporcionava. Lá fomos adormecendo e ficando, de noite para noite, mesmo depois de a amamentação ter terminado, até agora.
A pediatra "deu-te" ordem de despejo do nosso quarto quando tinhas 6 meses. Eu, em pensamento, chamei-lhe louca. Como é que podia deixar um bebé de 6 meses sozinho num quarto situado ali mesmo ao lado? Desde então, ela pergunta sempre como é o teu sono. Ela sabe que ainda estás no nosso quarto, sempre demonstrei, inclusive, aversão à ordem de despejo aos 6 meses. O que ela não sabe é que ainda estás na nossa cama (nunca perguntou e eu nunca lhe disse), um dia conto-lhe.
Para já, para já o que te quero contar é que tens uma cama nova montada no teu quarto à espera que te decidas. Quando quiseres meu amor, estou pronta. Já sei que tu é que tens de estar pronto, não eu. Mas reforço a ideia, eu estou pronta.
Imagem retirada de Pinterest
Cá está o Burro do conto "Os Músicos de Bremen" depois de comer mais uma verdade absoluta. O raio do Burro, para além de tudo, ainda me goza.
Gosto tanto desta história. E Tu, filho, também. Olhamos para o livro e dizemos: o burro; em cima do burro está o cão; em cima do cão está o gato; em cima do gato está o galo. Coisas nossas. Um dia falo desta história, desta e de outras dos Irmãos Grimm.
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