Quando era mais nova imaginava que quando fosse mãe queria continuar a trabalhar, queria continuar a ter a minha rotina laboral, queria continuar a ser uma pessoa ativa que acumulava cursos aqui e acolá. Sem grandes reflexões, achava que isso era resultado da evolução da sociedade em que a mulher tem um papel ativo. Era assim que eu pensava.
Agora, para mim, uma mãe deixar o seu bebé com 4 ou 5 meses entregue a terceiros não é sinal de evolução. Pais e filhos não poderem estar juntos ao final do dia, envolvidos em brincadeiras, sentados numa esplanada, jogarem à bola ou à macaca ou não jantarem juntos, não é sinal de evolução. As pessoas viverem com medo, passando, por isso, o emprego para 1º plano nas suas vidas, não é evolução. Os pais renderem-se - um entrar em ação quando o outro sai para trabalhar - não é evolução. Vivermos com necessidades impostas por nós, com vontade de ter isto ou aquilo porque metemos na cabeça que ter isto ou aquilo é que é importante, não é evolução. Sinto-me a ir na maré da maioria, mas contra a minha maré, contra a minha natureza, contra àquilo que digo que valorizo. Dizer não basta, tenho de fazer. Já faço muito daquilo que valorizo, mas quero fazer mais.
Fiquei desempregada e decidi engravidar (não decidi sozinha) nessa altura. Fui mãe no desemprego e desejei poder ficar com o meu filho até ele ter, pelo menos, 1 ano; nos meus sonhos, até ele ter 2 anos. Quando ele tinha 8 meses e pouco comecei a fazer uns trabalhos em part-time que foram ocupando cada vez mais tempo. Esses trabalhos começaram a escassear e eu voltei a receber o subsídio de desemprego subsequente, que terminaria em breve.
Por fim, arranjei trabalho a tempo inteiro quando o meu filho tinha 13 meses. Recomecei a rotina laboral receosa, no entanto, consciente de que tinha o privilégio de trabalhar perto de casa, sem perder horas em transportes. E assim tem sido, até agora. Vou buscá-lo cedo, vou com ele ao parque e à mercearia perto de casa, às vezes vamos os três à esplanada. Temos sorte ou queremos muito que assim seja, não sei.
No entanto, tenho o desejo de poder acompanhar mais o crescimento do meu filho, ter mais tempo para organizar a casa, para fazer mais coisas com o, ainda, bebé, ter mais disponibilidade para mim, para ele, para a família - para aumentar a família, quem sabe. Desejo passar as férias grandes, e as pequenas, em família. Desejo continuar a não falhar uma consulta do meu filho - a última vez que esteve doente foi a avó que o levou ao médico e isso custou-me, não quero habituar-me a isso. Não pensei que desejaria isto com tanta intensidade, mas desejo.
Não me vejo sem ter uma atividade só minha, mas gostava de ter outra disponibilidade para fazer o que gosto e para estar com quem gosto. Penso que passo pouco tempo com a minha sobrinha e no muito que estou a perder. No meio destes pensamentos desço à terra e olho para os factos com a razão, mas o desejo está lá. Uma vez disseram-me que era obstinada. Eu não tinha consciência disso, na verdade, acho que comecei a sê-lo nesse momento, por isso, se este desejo se mantiver ou crescer, algo tem de mudar.
Agora, para mim, uma mãe deixar o seu bebé com 4 ou 5 meses entregue a terceiros não é sinal de evolução. Pais e filhos não poderem estar juntos ao final do dia, envolvidos em brincadeiras, sentados numa esplanada, jogarem à bola ou à macaca ou não jantarem juntos, não é sinal de evolução. As pessoas viverem com medo, passando, por isso, o emprego para 1º plano nas suas vidas, não é evolução. Os pais renderem-se - um entrar em ação quando o outro sai para trabalhar - não é evolução. Vivermos com necessidades impostas por nós, com vontade de ter isto ou aquilo porque metemos na cabeça que ter isto ou aquilo é que é importante, não é evolução. Sinto-me a ir na maré da maioria, mas contra a minha maré, contra a minha natureza, contra àquilo que digo que valorizo. Dizer não basta, tenho de fazer. Já faço muito daquilo que valorizo, mas quero fazer mais.
Fiquei desempregada e decidi engravidar (não decidi sozinha) nessa altura. Fui mãe no desemprego e desejei poder ficar com o meu filho até ele ter, pelo menos, 1 ano; nos meus sonhos, até ele ter 2 anos. Quando ele tinha 8 meses e pouco comecei a fazer uns trabalhos em part-time que foram ocupando cada vez mais tempo. Esses trabalhos começaram a escassear e eu voltei a receber o subsídio de desemprego subsequente, que terminaria em breve.
Por fim, arranjei trabalho a tempo inteiro quando o meu filho tinha 13 meses. Recomecei a rotina laboral receosa, no entanto, consciente de que tinha o privilégio de trabalhar perto de casa, sem perder horas em transportes. E assim tem sido, até agora. Vou buscá-lo cedo, vou com ele ao parque e à mercearia perto de casa, às vezes vamos os três à esplanada. Temos sorte ou queremos muito que assim seja, não sei.
No entanto, tenho o desejo de poder acompanhar mais o crescimento do meu filho, ter mais tempo para organizar a casa, para fazer mais coisas com o, ainda, bebé, ter mais disponibilidade para mim, para ele, para a família - para aumentar a família, quem sabe. Desejo passar as férias grandes, e as pequenas, em família. Desejo continuar a não falhar uma consulta do meu filho - a última vez que esteve doente foi a avó que o levou ao médico e isso custou-me, não quero habituar-me a isso. Não pensei que desejaria isto com tanta intensidade, mas desejo.
Não me vejo sem ter uma atividade só minha, mas gostava de ter outra disponibilidade para fazer o que gosto e para estar com quem gosto. Penso que passo pouco tempo com a minha sobrinha e no muito que estou a perder. No meio destes pensamentos desço à terra e olho para os factos com a razão, mas o desejo está lá. Uma vez disseram-me que era obstinada. Eu não tinha consciência disso, na verdade, acho que comecei a sê-lo nesse momento, por isso, se este desejo se mantiver ou crescer, algo tem de mudar.
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