Ela nasceu quando eu tinha 5 anos. Existe uma fotografia em que é notória a minha adoração por ela desde que nasceu: estou com um ar de quem, sem pedir, recebeu o melhor presente de sempre (anos mais tarde, vim a saber que podem existir presentes ainda melhores; sem ofensa à menina dos anos, mas filho e sobrinha conseguiram superar, só um bocadinho, vá). Foi o primeiro bebé que esperei (a minha tia não conta, nasceu quando eu tinha um ano, não a esperei propriamente, apareceu-me lá em casa). Era irrequieta e conseguia meter toda a gente a chorar à hora da refeição, já nessa altura tinha a mania que podia liderar. Era tão índia, tão índia: gostava de andar descalça (ninguém imaginava que se tornaria na arranjadinha da família, ao contrário da minha pessoa); trepava tudo o que lhe aparecia à frente; atirava brinquedos pela janela; estragou os meus brinquedos (quase) todos, sem eu me chatear com isso; dormia mal; perdia-se muitas vezes no parque de campismo onde passávamos férias, já era conhecida na zona e arredores. Vestia a minha roupa às escondidas. Defendia-me quando a minha mãe se "passava" e vice-versa. Cresceu. Foi sempre uma excelente aluna, daquelas que não necessitavam de qualquer orientação ou instrução para estudar, muito metódica e organizada, com cadernos estranhamente organizados (para mim) e limpos. Apesar das notas elevadas e das sugestões para seguir uma profissão na área da saúde, demonstrou cedo o que queria ser quando crescesse: professora. É esta a sua profissão. É decidida, a miúda. Ensina com paixão, com garra e com entusiasmo. Vivemos juntas durante 3 anos, sozinhas, com tudo o que isso implica: conflitos "matrimoniais" incluídos. Passámos por muitas coisas juntas: boas e más. Sobrevivemos. :)
Um dia cresceu mais um pouco e realizou o que julgou ser um grande sonho. Depois, foi mãe de uma bebé muito, muito desejada e maravilhosa (a meu ver, este foi o grande feito da sua vida, sou suspeita, claro, mas é verdade). O chão seguro por onde andava tremeu, ruiu e ela caiu. Agarrou-se, levantou-se, equilibrou-se e voltou a caminhar. Acho que lhe custou mais reaprender a caminhar do que aprender a andar. Mas lá vai ela, com a força que lhe é característica. De cabeça erguida, porque não tem motivos para a baixar (pelo contrário). E eu a vê-la com orgulho e a confiar nos seus passos.
Não adivinho o que lhe está reservado, mas confio que o melhor está para vir. E é com este dia de Verão, a contrariar esta Primavera incerta (amanhã, parece que chove), que adivinho um caminho virtuoso e extraordinário a contrariar a tempestade que ela enfrentou.
Ela, a menina dos anos "3 em maio", é a minha irmã.
Ela, a menina dos anos "3 em maio", é a minha irmã.
Admiro-te muito. És especial. Conseguirás tudo! Que ninguém, nunca, te faça duvidar de ti. És uma grande pessoa que merece um grande destino. Parabéns, pequenina.
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